Título da redação:

Um crime não justifica outro

Tema de redação: Justiça com as próprias mãos: o impacto na sociedade brasileira

Redação enviada em 18/11/2018

Fazer justiça com as próprias mãos é um ato medieval, o qual demonstra desrespeito pelo pacto social, tanto pelos motivadores de tais práticas (suspeitos e criminosos), quanto pelos justiceiros que as realizam. Embora o Brasil seja um dos países mais violentos do mundo, vide os relatórios oficiais sobre os quase 60 mil mortos no país só em 2017, praticar atos de justiça, por vingança, impunidade, sentimento de impotência ou outra motivação, não se justifica, uma vez que a tarefa de fazer justiça é incumbida ao estado. Dessa forma, combater e punir criminosos por meio de políticas de segurança eficientes será mais viável do que tentar fazê-lo ao cometer outros crimes. Por outro lado, o fracasso do estado em manter a segurança da população e, ao mesmo tempo, prevenir os cidadãos para que não sofram com a criminalidade e violência, juntamente com punições brandas e impunidades recorrentes para os criminosos, fazem com que as pessoas se organizem para aplicar métodos de punição àqueles considerados culpados, porem, é uma sentença e pena alheia à constituição, e sem nenhuma aprovação do estado, o que torna esses justiceiros tão criminosos quanta àqueles por eles condenados. Um dos impactos negativos decorrentes dessa "justiça urbana" pode ser exemplificado no caso recente do ex-jogador do São Paulo, Daniel Corrêa de Freitas, que foi espancado, torturado e assassinado após um flagrante de estupro. Por esse motivo, além do flagrante e testemunhas, ele seria facilmente condenado por seu delito, no entanto, o marido da vítima optou por fazer a própria justiça, tornando-se assim, tão criminoso quanto o suspeito Daniel. Outro exemplo de danos à sociedade que a justiça pessoal pode causar é o Massacre de Realengo, um crime que, segundo testemunhas, foi motivado porque o autor sofria bullying, conclusão: depois do massacre, o bullying nas escolas não parou, mais de dez inocentes foram mortos e outros feridos, sem mencionar o sofrimento dos familiares das vítimas, ou seja, quando se pratica justiça com as próprias mãos, tudo que se espera é uma compensação ou recompensa ás vítimas, mas no final das contas mais crimes são cometidos, mais danos são causados à sociedade e tudo se torna um ciclo de crimes que tem apenas início, mas nunca um fim. Sendo assim, observa-se que alguns indivíduos não recorrem às autoridades competentes para o cumprimento da lei, dessa forma, faz-se necessário que o estado retome a confiança da população, combatendo e prevenindo crimes com mais eficiência, de forma que a justiça seja feita sob a forma da lei e os criminosos sejam devidamente punidos, dessa maneira, ao reduzir os números astronômicos de violência e crimes hediondos, os cidadãos confiarão no estado para que a lei seja cumprida, de maneira tal que, recorrer à justiça pessoal não será mais fomentado e as pessoas não se sentirão compelidas a cometer crimes para combater outros crimes.