Título da redação:

Justiceiros

Tema de redação: Justiça com as próprias mãos: o impacto na sociedade brasileira

Redação enviada em 29/09/2017

Justiceiros Se tornou corriqueiro encontrar em noticiários relatos sobre linchamentos e agressões motivados pelo ideal popular de justiça com as próprias mãos, no Brasil. Mediante a premissa de educar e advertir os cidadãos, os brasileiros agem em desacordo com a cidadania, pois não é seu dever nem direito punir seus semelhantes pelas infrações cometidas. Tal fenômeno é preocupante uma vez que é motivado pelo sentimento de ódio inerente ao ser humano, e pelas falhas na promoção de justiça pelas autoridades. A princípio, nota-se que o ser humano se identifica com o ódio. Isto é, com base no pensamento do filosofo inglês Thomas Hobbes, no qual o homem nasce mau e para conviver socialmente um pacto entre semelhantes é crucial, compreende-se que esse sentimento é intrínseco e comum a todos. E, conforme a doutora em psicanalise Priscila Gasparini Fernandes, pesquisas feitas em bebês comprovam que eles nascem com esse sentimento de predisposição ao ódio, o que reforça a teoria. Entretanto, a justiça deve ser garantida por meio de leis, autoridades e instituições superiores aos civis, logo não cabe a população reprimir-se. Ademais, soma-se ao sentimento de ódio, os deslizes cometidos pelo Estado na promoção de justiça. Ou seja, a falta de ação e presença de policiais, por exemplo, gera perda da credibilidade nesse setor. Além disso, a lentidão nos julgamentos e o arquivamento de processos demonstram que o sistema judiciário não supre as necessidades da sociedade brasileira. Tal como os casos de linchamento (em que uma multidão agride ou até extermina um cidadão), os quais, além de não serem reconhecidos pelo Código Penal, raramente têm seus autores identificados. Isso impossibilita a ação penalizadora da polícia e alimenta o senso de impunidade pelos brasileiros. Portanto, não cabe aos cidadãos o compromisso de promover justiça. Essa deve ser alcançada por meio da ação eficaz do setor de segurança pública e do judiciário. Em princípio, é imprescindível que o linchamento seja classificado como crime por meio da inclusão no Código Penal brasileiro, para que os agentes policiais tenham embasamento para agir e punir os autores. Ademais, é dever fundamental do Estado garantir a segurança pública e para isso, deve maximizar a presença de policiais nas ruas, bem como potencializar o uso de câmeras de monitoramento nas cidades, de modo a reduzir esses crimes e identificar os agressores quando ocorrerem. Por fim, cabe ao poder judiciário agilizar a resolução de processos e julgamentos, além de não permitir seus arquivamentos, através da contratação de mais funcionários capacitados, para que o sentimento de impunidade seja reduzido e o setor aumente sua credibilidade. Sendo assim, certamente as notícias de violência urbana serão substituídas pelo reconhecimento do dever bem cumprido do Estado por parte dos brasileiros.