A sociedade brasileira vem noticiando um crescente número de casos de justiça executada com as próprias mãos. É de conhecimento geral que a justiça no país é demorada e os casos de impunidade envolvendo grandes escândalos - como o desastre do rompimento da barragem de Mariana e o Mensalão, por exemplo - vêm derrubando sua credibilidade entre o povo brasileiro, mas, ainda assim, a solução não está em recorrer a métodos primitivos de justiça. Esses podem gerar mais injustiça e trazer problemas sérios aos que os utilizam. A lei prevê justiça para todos e, embora seja falha ou lenta - principalmente para com a população mais pobre - deve ser seguida, pois garante que os direitos e deveres do cidadão não serão violados. As justiças com as próprias mãos não segue regras e não tem princípios. Logo, não deve ser chamada de justiça, mas de vingança, que muitas vezes cega a população, sedenta por justiça e, nas classes mais baixas, desprovida de um policiamento digno e honesto. Tal forma de justiça só gera outro crime, seja esse por violência, desmoralização ou até mesmo por assassinatos. É comum o equívoco da população em meio aos "linchamentos justiceiros", em que o acusado não é o criminoso. Há cerca de um ano, um jovem com problemas mentais foi acusado e linchado até a morte pelo estupro de uma menina, no Espírito Santo. Quando a polícia militar chegou ao local, o rapaz - já linchado e prestes a morrer - foi socorrido (sem sucesso) e ao indagar o povo sobre o linchamento, diversas pessoas se contradisseram sobre o motivo. Estes outros problemas envolvidos no processo de justiça com as próprias mãos: os boatos e "fofocas" sem provas. A mãe do rapaz espancado tem certeza dos autores do crime e tem a lei ao seu lado. Já os justiceiros tratam-se agora de criminosos e assassinos. Em vista do que foi apresentado, fica claro que a justiça com as próprias mãos não é o método que a sociedade brasileira deve adotar para conseguir justiça. A população deve clamar devidamente às autoridades judiciárias, seja com protestos ou mobilizações nas redes sociais. O Estado, por sua vez, deve atender ao clamor popular, promovendo: mais agilidade nos processos, policiamento de qualidade, o fim da impunidade e corrupção em meio aos julgamentos de políticos e grandes nomes do setor privado e campanhas nacionais de conscientização sobre a justiça no Brasil. Dessa forma será possível diminuir as vinganças e injustiças no país e restabelecer o equilíbrio entre a justiça brasileira e o povo.