Muitas são as reportagens de televisão que noticiam atos de linchamentos contra supostos criminosos. As justificativas dadas para isso vão desde a insegurança sentida pela sociedade, devido ao aumento da violência, até a ausência de policiamento e principalmente pelo falho cumprimento das leis. Mas, a população revoltada, diante dessa situação, age de maneira correta ao fazer “justiça” com as próprias mãos? Afinal, quem são as verdadeiras vítimas? Embora o tempo de escravidão tenha acabado em 13 de maio de 1888, ainda são sentidas as consequências desse período. Assim como antes, o perfil da maioria dos marginalizados assemelha-se: pobre, negro, jovem e desprovido de conhecimentos de seus direitos e deveres. As muitas ausências, que vão desde falta de estrutura familiar até a carência de oportunidade de estudar ou trabalhar, são alguns dos incentivos para se ingressar no mundo do crime, gerando assim um aumento da violência. Como resposta disso, a sociedade, sentindo-se insegura e por vezes esquecida pelos poderes públicos, age de forma equivocada e desnecessária ao fazer ou apoiar atos justiceiros. Pois para isso que existe o poder Judiciário: para julgar conforme está escrito na lei. Devido a isso, não cabe à sociedade praticar atos cruéis com criminosos, pois dessa forma os papéis são invertidos. Colaborar, incentivar ou apoiar linchamentos ou qualquer outro tipo de violência contribuirá apenas para aumenta-la, tornando isso um ciclo vicioso. Faz-se necessário, portanto, a conscientização da população para se refletir que atos justiceiros não ajudam na melhora, da segurança pública, mas tem efeito contrário. E é de responsabilidade do poder Judiciário juntamente com o Estado promover mecanismos que tornem os julgamentos dos processos criminais mais eficientes. Bem como, é imprescindível que haja harmonia entre leis e a execução das mesmas. Ademais, oferecer melhores condições de trabalho para o setor da segurança pública trará melhoria na assistência à sociedade. Por fim, o oferecimento de serviços públicos de qualidade, priorizando educação e qualificação profissional para jovens, despertando-lhes assim uma visão de futuro promissor, será de grande valia para mudar esse triste cenário.