O filósofo Thomas Hobbes descreve muito bem o papel do Estado como zelador da paz e da segurança por meio do contrato social, no qual as pessoas se privam de suas liberdades individuais para assim terem maior segurança e viverem em harmonia. Porém o que acontece quando o Estado quebra este contrato? No Brasil como um todo está havendo uma onda de criminalidade e impunidade que, aliada com a rápida e intensa propagação de notícias pelas mídias, resulta em uma forte sensação de insegurança na população. Como resposta, esta se revolta com o Estado e busca fazer “justiça” com as próprias mãos. Entretanto, até onde esta “justiça” com as próprias mãos é de fato justiça? Diferentemente dos tribunais de rua, a justiça é baseada na equidade, na razão, na certeza, na proporção entre crime e punição e visa a ressocialização do indivíduo. Assim, a justiça precisa de provas para se tomar alguma atitude e ponderar todos os fatos para então tomar as medidas mais corretas e eficazes. Como é possível se observar em tantos casos de linchamento nas ruas, a sociedade brasileira parece assemelhar-se cada vez mais à Idade Média e à Antiguidade Oriental, que caçavam as “bruxas” e seguiam a lei do Talião, respectivamente, comentando então os mesmos erros. Logo, o brasileiro precisa distanciar-se de atitudes ultrapassadas e buscar, neste caso, cobrar o responsável pela segurança e justiça. Precisa cobrar o Estado.