Principal conteúdo das revistas e jornais brasileiros, os crimes e a justiça tornaram-se banais no cotidiano do cidadão. No entanto, essa banalização perde efeito no momento em que os delitos são cometidos em prol da justiça, como se fossem legitimados pela vontade própria do homem. Logo, verifica-se a inversão de papéis entre o crime e a justiça. A inércia e o descrédito do Estado causam um retrocesso no pensamento e atitudes do cidadão. Quando os anseios e expectativas da sociedade não são atendidos, ela passa a buscar, por conta própria, meios pelos quais consiga os seus direitos e acaba infringindo a autonomia do Estado. Assim, surge a chamada "justiça com as próprias mãos". No entanto, ao praticar esse tipo de justiça, o homem causa uma reação em cadeia na sociedade. As pessoas retornam ao estado primitivo de guerra, que é nativo do ser humano, mas que prejudica qualquer tipo de organização a qual estão submetidos. Em vista disso, os princípios sociais colapsam e as regras são extintas. Diante dessa realidade, é notável que o ser humano nunca deve legitimar seus atos por vontade própria. O Estado deve promover medidas de conscientização desde a formação básica do indivíduo, em escolas, bem como criar leis, e utilizar efetivamente as que já existem, para que a impunidade seja coibida e o sentimento de injustiça acabe. Só assim, os crimes diminuirão e as pessoas estarão seguras sobre a plenitude da justiça.