Um dos maiores biólogos e taxonomistas dos últimos séculos, Carlos Lineu, resumiu a espécie humana, o homo sapiens, como aquele que foi agraciado com a enorme capacidade de solucionar problemas. Para isso, afirma, o ser humano dispõe de ferramentas que utiliza para ajudá-los em certas tarefas. Nas últimas décadas, mais uma ferramenta foi adicionada ao imenso arquivo histórico de auxílios desde a lança à roda: o computador. De fato, o computador expandiu a capacidade de processamento de dados e, portanto, da quantidade de tarefas possíveis a serem realizadas em um determinado período de tempo. Foi responsável por toda uma geração, a geração “Z”, que, desde o início da década de 90 tem sido extremamente integrada com a capacidade quase ilimitada dos computadores. Essa geração, contudo, sofre do que Kafka chama de “inevitável esquecimento do tempo” ou Charles Darwin de “evolução e seleção”. À medida que o número aplicações de supercomputadores aumenta, começam a ameaçar não somente um estilo de vida, mas toda economia. Para que, poderia indagar Lineu, uma ferramenta que facilite o trabalho se é possível uma ferramenta que faça todo o trabalho sem auxílio? Certamente ainda estamos distantes da popularização de programas de Inteligência Artificial; não obstante, programas como o “Watson” da IBM já obtiveram sucesso em diagnosticar corretamente pacientes, ou mesmo o “ROSS”, um advogado virtual a defender e dar seguimento a casos na justiça. Ademais, atendentes de caixas de supermercados nos EUA e Europa já foram reduzidos em mais de 60%. O futuro aguarda, seja em um ou meio século, um questionamento do sistema de produção econômico capitalista e mesmo a coesão social. Como análise final, em alguns anos grande parte da população perderá seus empregos, não porque não tem qualificação, mas sim pois não são necessários. A quantidade de desempregados aumentaria a tal ponto que teorias econômicas como as de pós-capitalismo teriam de ser modeladas. A solução depende de uma gama enorme de fatores, como regulamentação por parte do Estado e mobilização social. Embora longe, contudo, deve-se questionar: que futuro teremos?