Famílias desabrigadas. Baixa disponibilidade de água. Graves impactos ambientais. Esses são alguns dos problemas gerados pelo desastre em Mariana, que explicitam a necessidade de melhorias na política nacional de mineração. Tal fenômeno é visto como uma problemática social, uma vez que há um grande número percentual de indivíduos sem moradia. Além disso, é considerado um problema ambiental de proporções imensuráveis, visto que o acidente provocou a morte de diversos animais, ocasionando, assim, desequilíbrio no ecossistema local. Em primeiro plano, a ineficiência da política nacional de mineração, aliada ao descaso humano, possibilitou a ocorrência da catástrofe em Mariana. Essa problemática é, dentre outras razões, proveniente de um egoísmo, alimentado pelo viés capitalista, onde as empresas visam apenas o lucro, sem se importar com as consequências. Nesse sentido, em artigo publicado na revista eletrônica Edugeo (FGV/SP), o geofísico David Chambers, aponta que o produto desse modelo de gerenciamento foi o comprometimento de 1469 hectares de vegetação e cerca de 34 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração liberados. Deve-se, portanto, empreender esforços efetivos na mudança desse panorama no país. Em segunda análise, as famílias que perderam suas moradias até hoje não foram indenizadas pelos danos. Esse cenário tem como produto o abandono das vítimas, que se sentem negligenciadas - o que agrava ainda mais a percepção de desamparo como uma realidade imutável. Entretanto, Bertolt Brecht, com rara sensibilidade escrevera, nada deveria nos parecer natural ou impossível de ser transformado. Desse modo, deve-se reverter esse paradigma em respeito à dignidade e a alteridade como valores, de fato, necessários à transformação. Entende-se, portanto, que a continuidade do descaso com as vítimas e com o meio ambiente é fruto da ainda fraca eficácia das leis de mineração e da falta de fiscalização adequada. Dessa forma, é incontestável a imprescindibilidade de se reverter essa conjuntura. Nesse sentido, a sociedade deve pressionar, por meio de manifestações, as instâncias legislativas Federais para que aprovem repasses às secretarias de desenvolvimento social, a fim de implementarem organizações de apoio às vítimas. Ações publicitárias - em mídias, como televisão e internet - em paralelo, devem buscar conscientização e informatividade sobre os problemas ambientais causados pelo desastre. Assim, a eficiência dessas ações serão relevantes conquistas socioambientais, de modo que a transformação preconizada por Brecht seja uma realidade efetiva.