O acidente ocorrido em Mariana no ano de 2015, que resultou em dezenove mortes, várias pessoas feridas e desabrigadas, foi não só o maior desastre ocorrido até agora na história do país, quando se trata de acontecimentos envolvendo barragens, como o maior do mundo. No século passado, nas Filipinas, ocorreram duas tragédias parecidas e o volume total de rejeitos lançados foi de 60,2 milhões de m³, sendo ainda menor do que o do rompimento da barragem do Fundão, sem contar a distância percorrida pela lama, em que novamente o desastre mineiro apresenta maior número. Além da destruição de várias cidades dos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo, uma vez que a lama seguiu o curso do Rio Doce até atingir o mar, a distribuição de água para a população nestes locais se tornou precária, ou mesmo inexistente, devido à vigilância sanitária, que encontrou rejeitos na água. Isso ocorreu pois, após o acidente, a Samarco, mineradora responsável, construiu diques provisórios de emergência para a contenção máxima de rejeitos, porém, com capacidade insuficiente. Outro problema encontrado foi parte de uma igreja centenária descoberta no local da construção de um dique, responsável por paralisar as obras, uma vez que é de interesse arqueológico. Uma solução encontrada pelo governo foi a distribuição de verbas para a reconstrução das cidades em situação de emergência, sendo a existência de desabrigados e o risco de desabastecimento de água alguns dos critérios utilizados. Mas, obviamente, ainda não é o suficiente. É necessário que a Samarco construa uma nova barragem no Vale do Fundão e um dique dentro dela, faça um novo planejamento da gestão de água, além da construção de novos diques ao longo do percurso da lama com maior capacidade, a fim de conter totalmente os rejeitos. Cabe, também, às autoridades competentes resolver a questão arqueológica para que haja a liberação das obras. Os Palavras amistosas vindas da mineradora não compensarão o que as pessoas das cidades afetadas sofreram.