Título da redação:

Olhos fechados para o irreversível

Tema de redação: Impactos: as virtudes do desastre de Mariana

Redação enviada em 04/09/2016

Produzir para consumir, este é o lema da sociedade capitalista, a qual busca o desenvolvimento industrial acompanhado do aumento do lucro, para isso, é necessário a exploração da natureza, posto que tamanho abuso e má exploração a deixam saturada. A alimentação do capitalismo começa a se tornar insustentável, deste modo, a situação da natureza brasileira deixa de se basear naquela fauna e flora exuberantes, citadas nos romances nacionalistas e indianistas e passa a ter como base a famosa reflexão de Thomas Hobbes: “O homem é o lobo do homem”, ou seja, torna-se o agente de sua própria destruição. Engana-se aquele que acredita no fim do colonialismo, a exploração da riqueza brasileira por mercados estrangeiros aumenta constantemente. Samarco, empresa nacional comandada em parte por australianos, devido à irresponsabilidade e ineficiência, foi a grande detentora da destruição em Mariana, que se estendeu até o Oceano Atlântico. A barragem de dejetos, já desgastada, causou semanas de angústia para os moradores da região, dos quais muitos já alertavam e esperavam o possível rompimento, que resultou em quase 60 milhões de metros cúbicos de dejetos, matando milhões de peixes e diversos seres vivos, visto que todo o Rio Doce já era contaminado por boa parte dos metais pesados em sua profundeza, os quais se espalharam integralmente pela água após o rompimento. A negligência da empresa está estampada no cotidiano das famílias que perderam tudo e agora clamam por justiça e direitos. A coordenadora da Câmara de Meio Ambiente e Patrimônio Cultural do Ministério Público Federal afirma que há vários indícios de descaso, como a falta de um plano de contingência e de controle técnico sobre o volume que a barragem suportava. A Samarco sabia dos riscos, mas não tomou providências, este fato é uma triste falta de ética exercida por diversas mineradoras no Brasil. Portanto, para execução das leis dos direitos humanos e recuperação socioambiental é primordial que a empresa atenda as vítimas e se proponha a amenizar os danos ambientais causados. Porém, para completa efetividade, o governo deve manter fiscalizações, realizadas pelo Ibama, constantes. Deste modo, evita-se a permanência do uso de barragens com riscos de rompimento e cria-se uma inter-relação serena entre população, meio-ambiente e indústrias de base.