Título da redação:

O amargo do Rio Doce

Tema de redação: Impactos: as virtudes do desastre de Mariana

Redação enviada em 03/04/2016

“A recordação da felicidade já não é felicidade; a recordação da dor ainda é dor.” Lorde Byron cunhou estas palavras, reconhecendo que certas marcas do passado não se apagam facilmente, ainda mais quando se fala de uma tragédia tão recente e que ainda sangra em Minas Gerais, na cidade de Mariana, local onde uma barragem de contenção que acumulava rejeitos de mineração rompeu-se, ferindo profundamente a terra banhada pelo Rio Doce. Tudo isso, em nome da exploração irresponsável e do lucro sem limites das empresas que exploram as riquezas minerais da região. Os prejuízos são incalculáveis. É preciso destacar alguns dados acerca dos lamentáveis recordes mundiais quebrados por esta catástrofe: jornais e portais de notícias informaram que foram 60 milhões de metros cúbicos de lama tóxica – o dobro de cada um dos dois maiores registros de acidentes desta natureza, nos últimos cem anos. Ainda não é possível estimar a extensão dos impactos ambientais, o quanto ficarão comprometidos os lençóis freáticos e mananciais da região, tamanha foi, a gravidade do acidente. Outro dado contundente: cerca de 600 quilômetros, foi a extensão da faixa de terras devastadas pelo material vazado que alcançou a foz do rio e o mar, com sérios riscos de chegar até o arquipélago de Abrolhos – importantíssimo santuário de espécies ameaçadas de extinção, localizado ao sul do litoral da Bahia. O quanto este planeta ainda vai ter que pagar pela fome desenfreada do capitalismo governado pelas corporações? Fica evidente, portanto que o planeta está ferido e que não pode suportar muito mais. Os moradores da região devem organizar-se, com apoio de ONGs ambientais, em uma mobilização, que vá para além das necessidades locais, que busque uma indenização vitalícia de todas as empresas que exploram as riquezas do país. O Governo Federal, através do Ministério de Minas e Energia, deve criar um fundo permanente como uma forma de seguro ambiental que deve ser financiado, principalmente, pela indústria extrativista. Outrossim, elas devem arcar com as indenizações aos moradores atingidos, além de todas as medidas compensatórias para preservar e recuperar a vegetação, o solo e o rio afetados pela tragédia.