Título da redação:

Mariana: Um olhar crítico.

Tema de redação: Impactos: as virtudes do desastre de Mariana

Redação enviada em 16/04/2016

A atividade da mineração constitui um importante setor destinado à exportação na economia brasileira, sendo o beneficiamento do minério de ferro um representativo segmento deste ramo. Vinculada ao processamento do minério encontra-se a necessidade da construção de barreiras para abrigar os rejeitos provenientes desse processo. Mariana, uma cidade economicamente embasada nesta perspectiva, viu-se desestruturada com o rompimento de uma dessas em sua região. A partir deste contexto, é pertinente um olhar crítico acerca das conseqüências refletidas pelo desastre acometido ao referido município. Em uma primeira análise, é imprescindível destacar que o acidente ocorrido em Mariana acarreta representativos impactos sociais aos moradores da região. Isso porque, o rompimento da barragem desencadeou a escassez de alimentos e água bem como a desestruturação das residências e plantações próximas ao rio devido ao elevado nível da água e ao forte impacto dessas. Ademais, cabe acrescentar as doenças associadas ao contato com a lama contaminada, que podem invalidar vidas inocentes. Prova disso é a atenção direcionada pelos cientistas da Fiocruz e da ONU em uma videoconferência aos riscos a que estão sujeitas as populações afetadas pelo tsunami de lama. Outro aspecto de igual relevância são os impactos ambientais que acometeram o ecossistema daquela região. Nesse sentido, cabe avaliar que a barragem de rejeitos continha uma grande quantidade de poluentes, como minerais metálicos e metais pesados, que somados à força de impacto da água destituíram boa parte da cadeia biótica do principal rio da região, o vale do rio doce. Dessa forma, inúmeras foram as quantidades de peixes encontrados mortos no rio, como também de árvores que foram soterradas e regiões de estuários que tiveram seu berço reprodutor descaracterizado. É inegável que o desastre ocorrido na cidade mineira desencadeou conseqüências grandiosas, caracterizando uma das maiores catástrofes naturais do país. A abordagem natural não vela, entretanto, a responsabilidade atribuída às indústrias mineradoras, que são as responsáveis pela garantia da segurança nesse processo produtivo. Cabe, portanto, construir um estatuto de responsabilidade produtiva nacional neste setor estabelecendo a obrigatoriedade do estudo de impactos socioambientais antes da construção de barreiras de rejeitos, priorizando a segurança e a responsabilidade.