“O rio? É doce/ A Vale? É amarga” os versos de Drummond, nos quais o poeta brasileiro reflete entre melancolia e alarde os efeitos da mineração em seu país, associa-se com a fundação da empresa Vale do Rio Doce no ano de 1942, sendo, a própria, cerca de pouco mais de 7 décadas depois, responsável por um dos maiores desastres ambientais do Brasil. Nesse contexto, é importante analisar os impulsos e reflexos de tal fatalidade na sociedade brasileira. A queda da mineradora Samarco acarretou no derramamento de 50 a 60 milhões de metros cúbicos de lama contendo rejeitos de metais pesados que danificaram permanentemente a fauna e flora da região mineira atingida. Ademais, a repentina onda de resíduos soterrou mais de 80% das moradias do distrito de Mariana que antes era considerada um importante ponto turístico do estado de Minas Gerais. A promotoria, analisando o caso, declarou que tal rompimento era iminente, porém, a negligência governamental para com o assunto promoveu a ruína das casas e sonhos de parte dos habitantes mineiros. Nota-se, então, que em um sistema capitalista no qual o lucro é prioridade, a irresponsabilidade com questões de abrangência social eleva-se a cada dia. Portanto, medidas são necessárias para resolver o impasse. O Ministério das comunicações deve por meio de campanhas midiáticas, incentivar a doação de materiais de necessidade pessoal para minimizar os impactos da tragédia na vida das famílias. Além dessas, o Ministério da Justiça deve propor leis mais severas quanto à manutenção das mineradoras, para que desastres como esse não voltem a ocorrer. Assim, o acidente em Mariana seria apenas mais um episódio escuro na história do Brasil.