Título da redação:

Lições de Mariana

Tema de redação: Impactos: as virtudes do desastre de Mariana

Redação enviada em 06/04/2016

Em junho de 2015, a encíclica “ Laudato si”, escrita pelo papa Francisco, trouxe as denúncias do pontífice em relação ao “capitalismo a cima de tudo”. Segundo ele, o dinheiro, hoje, sobrepõe-se à natureza e ao próprio ser humano. Quase que uma previsão para o que viria acontecer em Minas Gerais no mês de novembro do mesmo ano: o rompimento de uma barragem de detritos de mineração, o que casou ao menos 17 mortes, além do grande prejuízo ao ecossistema da região. A tragédia de Mariana, como ficou conhecida, representa o maior desastre ambiental do Brasil. A lama que atingiu o Rio Doce, levando à morte milhares de peixes, prejudicou não só o distrito de Bento Rodrigues, região com maiores danos, mas também afetou em maior ou menor proporção toda a área em torno do rio até o oceano Atlântico. Diante de tamanha destruição fica a dúvida: quem seria o culpado de tudo? Impossível apontar apenas um culpado, visto que vários fatores levaram ao desastre. Primeiro, a Samarco, responsável pela barragem, que agiu de maneira negligente. Segundo alguns laudos a empresa foi omissa com a segurança desde a quantidade de líquido depositado na barragem, o que levaria a uma maior instabilidade, até a ausência de sirenes de segurança. Ainda, outro fator, talvez o mais preocupante, foi a ineficiência dos órgãos públicos em relação à fiscalização da barragem. Desde 2012 o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) não visitava a estrutura. Pode-se ainda apontar a falta de um código de conduta para as mineradoras, o que voltou a ser discutido após o acidente. Contudo, vale ressaltar que os deputados que estão trabalhando no projeto receberam milhões das mineradoras durante as eleições, o que pesara muito durante a construção do código. Chorar sobre a lama derramada não adiantará de nada. É preciso, diante do cenário desolador, retirar boas lições. O Governo Federal, portanto, pode criar um conjunto de leis capazes de guiar a exploração natural no país, ampliando a punição para quem desobedecê-las. Para tanto, é preciso que haja uma discussão justa entre ambientalista, empresas interessadas e o Estado. Dessa forma, tragédias, como a de Mariana, ficarão apenas na história.