Título da redação:

Falsa fatalidade

Tema de redação: Impactos: as virtudes do desastre de Mariana

Redação enviada em 08/04/2016

Diante das cenas de devastação causadas pelo, erroneamente denominado, "acidente" de Mariana, uma coisa é certa: nada justifica tamanho desastre. Numa tentativa de explicar os acontecimentos inocentando os responsáveis, foi dada a alcunha de acidente àquilo que na verdade é um atentado. Centenas de quilômetros de rios condenados e ecossistemas totalmente arrasados, certamente, não são consequências de uma simples má eventualidade. Primeiramente, o ocorrido não deve ser admitido como acidente ao passo que uma obra de tamanha grandiosidade e engenhosidade, como é a barragem, não se rompe ao acaso. Mesmo avisados do risco de rompimento, os responsáveis colecionaram irregularidades e não trataram com relevância a necessidade de se eliminarem tais riscos, caracterizando o ocorrido, não como acidente, mas sim como negligência, ou até mesmo, dolo eventual. Outrossim, deve-se entender que os fins não justificam os meios, e ao gerar renda e crescimento na região de Mariana, a mineradora não tem o poder de amenizar a sua culpabilidade no desastre reafirmando a sua importância econômica. Em hipótese alguma a natureza deve ser o preço a se pagar pelo progresso econômico, afinal, nenhum orçamento deve ser capaz de restaurar os estragos deixados pela tragédia. Deve-se compreender, portanto, a necessidade de se apurar os fatos de forma verdadeira e sensata, assim como a necessidade de uma cobrança mais relevante na prevenção e no impedimento de desastres como este, de modo que o ocorrido sirva, ao menos, de lição. Na situação que se encontra, a natureza não pode continuar a sofrer os efeitos da incompetência daqueles que, por ela, deveriam zelar.