A barragem do Fundão, em Mariana, Minas Gerais, se tornou uma tragédia anunciada ao se romper e liberar seus rejeitos no Rio Doce, aniquilando a vida ali existente e inviabilizando o sustento de muitas famílias. Entre laudos, do Ministério Público de Minas Gerais, que comprovam que as irregularidades foram detectadas antes do desastre e uma região destruída, o governo brasileiro teve uma escolha a fazer. E escolheu mal. De um lado, o cenário era, e ainda é, desolador: pessoas mortas, um rio inteiro sem vida, famílias sem moradia ou sustento até hoje, o distrito de Bento Rodrigues soterrado em metros, ou até quilômetros, de lama, sob a qual, foram atirados os nomes de grandes empresas, Samarco e Vale. Em contrapartida, o lado oposto apresenta uma barragem rompida por causa de irregularidades, entre as quais, uma licença de atuação vencida desde 2013, falhas no processo de fiscalização, nenhuma punição e desculpas que não resolvem o problema. Mesmo após todo esse caos, a Samarco continua lançando seus rejeitos de minério no rio e pretende voltar a atuar ainda esse ano, dependendo apenas da liberação do Ministério do Meio Ambiente. Pode-se dizer que, a decisão do governo de defender as empresas, ou no mínimo, se omitir diante dessa catástrofe, comprova que a água do rio corre para o mar, ou seja, o dinheiro falou mais alto, mais uma vez. Todo esse contexto, de tragédia e impunidade, deve mobilizar a população, juntamente com o poder público, para fiscalizar a atuação de empresas de alto impacto ambiental e não permitir que situações como essa voltem a se repetir. É necessário estabelecer o diálogo entre as empresas, os órgãos responsáveis e a sociedade, além de proibir que novas licenças sejam concedidas àquelas que tiverem histórico semelhante ao da Samarco. Somente partindo desse ponto, é que decisões corretas serão tomadas no futuro..