José Saramago, em sua obra “Ensaio sobre a cegueira”, retrata a história de uma epidemia que deixava centenas de pessoas cegas. Entretanto, o autor promove uma análise sociológica contemporânea na qual a perda da visão simboliza uma cegueira moral em que os indivíduos passam a observar apenas os seus próprios interesses. Fazendo um paralelo com a realidade brasileira, é possível notar que muitos cidadãos estão visivelmente “cegos” por suas crenças e opniões, dessa forma propagando seus interesses, sem compromisso com a veracidade dos fatos, tornando-se uma prática terrivelmente comum e facilitada no meio virtual. O filósofo, Kante, em seu conceito de imperativo categórico, afirma que o homem deve buscar o bem estar por excelência, como sendo um senso de dever, proporcionando bem-estar a si e aos outros. Nessa perspectiva, tendo em vista que o “mundo virtual” é uma extensão potencializada da realidade, a ética se faz necessária para o estabelecimento de relações interpessoais saudáveis, que não venha prejudicar os indivíduos inseridos nesse meio. Contudo, a prática indevida do suporte tecnológico pode gerar consequências incomensuráveis ao mundo real, por meio do compartilhamento de notícias falsas, rompendo com a lógica kantiana. Devido a um compartilhamento falso, Fabiane de Jesus, por exemplo, foi em 2014, acusada de realizar magia negra, sendo espancada até a morte. De acordo com Aristoteles, o menor desvio inicial da verdade multiplica-se ao infinito à medida que avança. Seguindo essa ideia, a mentira pode tomar dimensões incontroláveis devido a era da informação. Desse modo, a imprensa tem perdido sua credibilidade na finalidade dos fatos, porém existe de forma tímida páginas e jornais que se mantém inertes a essa categórica manipulação político-social presente na mídia brasileira. Sendo assim, analisa-se a importância midiática em solucionar e intervir nas implicações das “Fake News”. Urge, portanto, uma atuação conjunta entre as diversas esferas para reverter esse cenário. Primeiramente, o Google Play, como uma ferramenta que possui ligação direta com os demais aplicativos distribuídos para maior parte dos brasileiros, deve criar um sistema de fiscalização, em parceria com as redes sociais mais relevantes(tais como Facebook e Instagram), no intuito de monitorar o compartilhamento de notícias falsas na web, assim facilitando o trabalho de órgãos fiscais do próprio governo. Por fim, convém a mídia televisiva e cibernética informar sobre os perigos do compartilhamento dos “hoax”.