Boatos sempre existiram em pequenas proporções e em baixa escala de difusão. Os únicos que dominavam a área da divulgação de informações e notícias eram os grandes veículos da informação, ou seja, a mídia em seus diversos segmentos. No entanto, com o advento da internet, quem antes era apenas consumidor passou a poder produzir informações. Apesar disso auxiliar na democratização dos meios informativos, também ajudou a propagar em larga escala, notícias falsas que produzem percepções errôneas acerca da realidade, resultando no que chama-se fenômeno da desinformação. As chamadas “fake news” ou “hoax” são palavras utilizadas para designar notícias falsas e iverídicas e que muitas vezes não apresentam material bibliográfico. Essas notícias circulam fácil e rapidamente na internet e suas plataformas, onde encontram solo fértil para se desenvolver. Entre os muitos motivos pelos quais as fake news são criadas, podem-se citar: ignorância, interesses econômicos produzidos pela indústria de “clickbaite” e interesses maléficos para persuasão dos leitores. A gravidade dessa desinformação só começou a ser observado recentemente, como no caso da eleição americana de 2016, que foi fortemente influenciada pelas notícias falsas, mostrando que elas podem influenciar incorretamente a sociedade civil, deturpando sua visão de realidade. Segundo Bauman, as redes são “armadilhas” que criam zonas de conforto para os indivíduos que permanecem apenas entre quem compartilha das mesmas ideias. Nessas zonas, o indivíduo perde muito da sua capacidade crítica e se torna mais suscetível a acreditar nessas notícias. Portanto, essa falta de criticidade dos usuários é o que mais aumenta o compartilhamento de hoax’s, já que eles não analisam o que consomem e muito menos checam as informações ali citadas.Torna-se assim, uma população refém da ignorância e da falta de análise, aumentando o fenômeno da desinformação. Desde que a internet popularizou-se, tornou-se extramente difícil mensurar e controlar a qualidade da informação oferecida. Todo o projeto de lei que tenta punir criadores e repassadores de notícias fake acaba esbarrando nos limites da liberdade de expressão e do que seria censura. Portanto, enquanto as propostas estão sendo analisadas pelo Senado, a promoção de campanhas de educação e combate as hoax na mídia e plataformas digitais precisa ser realizado, podendo ser viabilizado se o Ministério da Ciência e Tecnologia trabalhe em parceria com a mídia, internet e seus canais de difusão. Somente dessa forma, poderá iniciar-se um caminho contrário ao fenômeno da desinformação.