Título da redação:

A verossimilhança da contemporaneidade

Tema de redação: "Hoax", notícias falsas e suas implicações em sociedades

Redação enviada em 27/10/2017

A partir da criação da impresa no século XV, por Johannes Gutenberg, surgiu a democratização do acesso à informação. Entretanto, na contemporaneidade, em função do advento das redes sociais, qualquer usuário pode ocupar a posição de produtor de dados e alcançar um público imensurável. Com efeito, em busca de audiências, indivíduos mal intencionados utilizam a boa fé dos cidadãos para propagar notícias parciais. A princípio, informações inverídicas funcionam como discurso de controle simbólico. A esse respeito, o sociólogo francês Michel Focault defendia que as estruturas linguísticas são capazes de impor verdades aos interlocutores. Assim, as veiculações de notícias infundadas reafirmam pontos de vistas e motivam ações dos indivíduos, resultando na manipulação das massas. Prova disso, são os regimes totalitários do século 20 que utilizavam o controle estatal dos meios de comunicação, a fim de alienar a população. De outra parte, a disseminação de dados tendenciosos pode comprometer os interesses nacionais. Nesse sentido, atribui-se a eleição do republicano Donald Trump à presidência dos Estados Unidos pela profusão de material sobre a sua adversária, Hillary Clinton. Analogamente, cidadãos brasileiros utilizam conteúdos políticos e sociais infundados, de modo que, enquanto a cultura de indiferença à veracidade de informações mantiver-se, o país será obrigado a conviver com um dos mais graves problemas pós-modernidade: as notícias falsas. Impende, pois, que a cultura de desinformação seja combatida na contemporaneidade brasileira. Sob esse aspecto, a Agência Lupa - pioneira do “fact checking” no Brasil – deve ensinar os cidadãos a questionar a veracidade de todos os conteúdos, por meio de campanhas de aferição de verossimilhança, a fim de que cada indivíduo torne-se apto a verificar qualquer notícia. Só assim, seria possível a democratização do acesso a informação, e o país deixará de ter, na prática, a verdade fragilizada.