O processo de colonização do Brasil no século XVI foi marcado pela forte presença de uma cultura extrativista, característica inerente ao mercantilismo ibérico. A exploração de minérios perdura até os dias de hoje, porém a gestão de resíduos dessa atividade extrativista é negligenciada pelo poder público, e pode afetar diretamente a população. Em 2015 e 2019, nas cidades de Mariana e Brumadinho, respectivamente, o rompimento de barragens de rejeitos levou ao soterramento de casas e à morte de centenas de pessoas. Segundo Sêneca, importante filósofo grego, "para a ganância, toda a natureza é insuficiente". A frase é consoante com o desfecho de tais tragédias, pois a multa aplicada na empresa responsável (Vale) foi de 250 milhões de reais. O valor da empresa, no entanto, chega a 100 bilhões. A punição que foi infligida não chega a 1% do capital total da companhia. "Justificar tragédias como vontade divina tira da gente a responsabilidade por nossas escolhas". A citação alude ao escritor Umberto Eco, e ilustra a cultura de impunidade que existe no caso de crimes ambientais. Outro fator preocupante é a emissão de laudos técnicos que muitas vezes não são precisos quanto a segurança de barragens de rejeitos. Para que desastres ambientais decorrentes de atividades extrativistas não sejam uma rotina, cabe ao Ministério do Meio Ambiente, em parceria com órgãos responsáveis, promover o endurecimento de penas relacionadas a crimes ambientais, assim como reforçar a fiscalização em barragens existentes em todo o país e realizar inspeções periódicas feitas com profissionais especializados. Desse modo, as empresas não negligenciarão o cuidado máximo que deveriam ter quando se trata de meio ambiente, e nossa fauna, flora e sociedade não seriam destruídos em "tsunamis" evitáveis.