O sociólogo Domenico De Mais dizia que no futuro haveria mais tempo para o ócio em razão da automação dos processos produtivos. O que ele não imaginava era que o desenvolvimento tecnológico estaria intrinsecamente ligado a uma nova geração: a geração “Z”, os nativos digitais. Essa natureza digital faz parte da evolução humana, beneficiando a espécie com facilidades e, ao mesmo tempo, pode provocar danos ao organismo bem como à sociedade. De acordo com pesquisas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), para cerca de 85% dos entrevistados a terceira atividade mais realizada no dia é o acesso aos meios de comunicação, sendo a última, os estudos. Logo, é preocupante que no âmbito da juventude, principalmente, ao consumir informação navega-se freneticamente no espaço virtual. Mesmo que a fragmentação dos conteúdos transmita certa sensação de liberdade, o excesso de estímulos dispersa a inteligência. Assim, fica-se refém da superficialidade, o contexto e a capacidade crítica são perdidos. Segundo o escritor Eduardo Galeano, o desenvolvimento da tecnologia semeia o medo. Para tanto, essa afirmação pode ser relacionada ao uso irrestrito, por crianças e adolescentes não supervisionados, da internet, o que gera muitos casos de aliciamentos e acesso à conteúdos inapropriados. Outra preocupação com a geração “Z” se dá pelo excesso do uso de smartphones. Estudos recentes indicam que a principal causa de insônia entre jovens é o contato intenso com a luz das telas desses dispositivos, o que tem como consequência a alteração do ciclo circadiano. Além disso, o individualismo e a falta de contato direto com as pessoas estão diretamente associados às transformações da sociedade, a qual está se tornando mais egocêntrica, com mais casos de depressão e ansiedade. Por conseguinte, é necessário qualificar o uso das tecnologias, aplicando incentivos para os jovens técnicos e universitários dedicarem à pesquisas. O poder público deve atuar no beneficiamento da estrutura e concessão de bolsas de apoio. No mais, o papel da família é essencial para o controle do uso excessivo dos dispositivos eletrônicos e internet. Em simultaneidade, programas sociais podem ser aplicados no meio escolar objetivando ajudar na construção da maturidade tecnológica da geração “Z”. Dessa forma, os avanços advindos com essa geração poderão efetivamente contribuir de maneira positiva para a sociedade.