Alienação. Essa é a palavra-chave da saga "Jogos Vorazes", de Suzanne Collins, que guarda semelhanças com o clássico "1984", de George Orwell. Com um "reality show" anual, de onde apenas um jovem sairá vivo, o governo opressor consegue entreter a população e fazê-la fechar os olhos para os problemas sociais. Apesar de terem aparência de ficção científica, os livros de Collins nada mais são que uma releitura dos tempos modernos. Em uma era de internet, televisão digital e celulares multifuncionais, saber lidar com a tecnologia sem grandes prejuízos é o desafio da intitulada Geração Z. Os atuais "smartphones", que cabem na palma da mão, são mais potentes que o primeiro computador da história, que ocupava uma sala inteira. Tamanha utilidade leva o homem contemporâneo a deixar por conta de máquinas tarefas que outrora eram realizadas por ele próprio. Assim, ao fazer um trabalho escolar, por exemplo, recorre-se à internet, que o realiza em segundos, deixando de lado a pesquisa em museus e bibliotecas físicas. O intelecto humano, dessa forma, é prejudicado, ao tempo que o exercício do pensar é desestimulado. A alienação social retratada por Suzanne e Orwell fica, desse modo, cada vez mais próxima da realidade. As consequências de tal problemática também estão presentes no campo da saúde. Segundo o psiquiatra e escritor Augusto Cury, a exposição ao excesso de informações desenvolve a Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA), que tem como um de seus sintomas a ansiedade. Ademais, os relacionamentos pessoais tendem a ocorrer com maior frequência por meios virtuais, aumentando a dificuldade de socialização e, com isso, afrouxando os laços de coesão social. Para aplacar os efeitos dessa situação é preciso, portanto, que a Geração Z aprenda a lidar com a tecnologia. A escola, baseada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), deve instituir desde as séries iniciais o ensino de disciplinas como Sociologia e Filosofia, de modo a despertar o senso crítico do educando e auxiliá-lo a filtrar as informações que recebe. A realização de práticas esportivas no ambiente escolar também pode catalisar o desenvolvimento de relações afetivas mais consistentes entre os jovens, o que vai de encontro ao isolamento propiciado pela internet. Além disso, é papel dos pais a imposição de limites quanto ao uso da internet; na contramão, eles devem influenciar os filhos, através do exemplo próprio, a frequentar ambientes que enriqueçam seu repertório sociocultural, como museus e bibliotecas.