Título da redação:

Conflito de Gerações

Tema de redação: Geração ‘Z’: o descrédito para o futuro ou o avanço sem limites?

Redação enviada em 11/07/2015

Há pelo menos dois séculos e meio, a sociedade experimenta uma aceleração do conhecimento científico de importância fundamental no percurso de nossa história. O seu impacto ao longo dos próximos séculos será o divisor de águas entre a sobrevivência de nossa espécie e a sua extinção. Mais pragmaticamente, antes mesmo de reconhecer nosso contexto atual como fruto de revoluções industriais, devemos atentar-nos ao desabrochar de uma possível adolescência tecnológica e suas consequências; entre essas, está o distanciamento comportamental entre gerações sucessivas, incluindo-se, por exemplo, as atuais gerações Y e Z. Constata-se, numa crescente informacional, sobejar diferentes paradigmas tecnológicos de comunicação. Boa parte das preocupações da geração predecessora em relação às novas modalidades de interconexão que permeiam as jovens vidas da geração sucessora reside na sua própria falta de autoadaptação. Isso é comprensível devido à grande demanda cognitiva para demolir-se os vícios de uso adquiridos durante a "antiga" educação fundamental. Sendo a geração anciã a responsável por educar a mais nova, as diferenças entre a educação que se lhe foi dada outrora, com uso de métodos envolvendo tecnologias mais primitivas, e a mais moderna podem causar dificuldades interrelacionais. Observa-se hoje em dia, a título de exemplo, a resistência perpetrada pelos docentes na adequação de seu antigo arsenal pedagógico, tais quais o "quadro negro" e a "aula expositiva", às novidades tecnológicas como "Open Course" e a integração com redes sociais. Por outro lado, a indizível profundidade da convergência digital corrente sugere relações interpessoais extremamente ágeis, automatizadas e concentradas em grupos de interesses comuns. Embora essa forma de relacionamento favoreça o conhecimento dos aspectos técnicos dos interesses em questão, também pode afogar criticamente a viabilidade de construir-se uma visão mais holística da diversidade cultural na sociedade. Notadamente, recrudesce-se, em diversas comunidades relativamente coesas e de tamanho substancial, uma certa elasticidade moral catalizadora de intolerância, de sorte que, devido à falta de mixigenação ideológica, propaga-se sem contrapesos. Os jovens, sobretudo a geração Z, por excesso de velocidade e escassez natural de maturidade, nem sempre estão à escuta da geração que os precede. Já, os mais velhos, incluindo-se a geração Y, encontram dificuldades em adaptar-se aos novos modelos tecnológicos. Estimando-se um ascendente científico ainda mais intenso no futuro, sugere-se uma tendência de agravamento da situação supramencionada. Como a questão da maturidade dos jovens é inerente à limitação cognitiva humana de aprender com a experiência de outrém, não seria, por conseguinte, desarrazoado atacar o problema da falta de adaptabilidade da geração antecessora para com as novas tecnologias. Essa dificuldade poderia ser mitigada com a devida formação profissional dos docentes, recomendando-se o aprendizado e aprofundamento do estado da arte em tecnologias pedagógicas. Finalmente, supõe-se que a tecnologia deve ser usada em prol de uma humanidade mais consciente de seu papel de guardiã do conhecimento e promotora da racionalidade. Portanto, o poder da criatividade humana deve ser usado na direção de aproximar gerações e formar uma relação de simbiose entre elas. Para tal, não se deve necessariamente diminuir a intensidade do avanço tecnológico, porém deve-se sobretudo procurar estabelecer a adaptabilidade cognitiva das gerações mais anciãs às novas tecnologias surgentes.