Em 1986, a ‘Oitava Conferência Nacional da Saúde’ deu origem a um sistema unificado de atendimento à saúde para toda a população brasileira, além de ter sido fundamental para a construção do capítulo destinado ao assunto na chamada ‘Constituição Cidadã’. Desde então, o acesso à saúde, no Brasil, é um direito de todos e um dever do Estado. Contudo, apesar dos claros benefícios da existência deste sistema, o SUS não consegue cumprir suas diretrizes devido a má distribuição de recursos, a falta de profissionais da saúde e a infraestrutura inadequada. Por sua vez, os usuários, insatisfeitos com a péssima qualidade do atendimento prestado, desconhecem as formas efetivas para reivindicar as necessárias melhorias na saúde pública brasileira. Delineado pelos princípios da universalidade, da equidade e da integralidade, o SUS (Sistema Único de Saúde) tem potencial para ser o melhor sistema de saúde pública do mundo. Nesse sentido, especialistas reunidos no ‘Fórum Saúde do Brasil 2018’ afirmaram que o sistema nacional de saúde é referência na atenção primária, além de possibilitar o acesso à medicina para a totalidade da população. Contudo, a realidade mostra-se bem diferente quando se faz necessário o atendimento por um especialista ou então um procedimento cirúrgico. Nesses casos, quase todas as pessoas que precisam de um procedimento terapêutico mais complexo, enfrentam uma verdadeira ‘via crucis’ marcada por longas e dolorosas esperas. Devido à isso, são inúmeras as queixas e os relatos de pacientes e familiares insatisfeitos com os atendimentos realizados no SUS. Todavia, apesar do elevado poder transformador da opinião popular, essas reclamações têm pouco ou nenhum impacto na realidade do SUS, tornando-se obsoletas por não serem canalizadas de maneira adequada. A fim de promover as tão necessárias melhorias no ‘Sistema Único de Saúde’, os usuários devem, em primeiro lugar, conhecer melhor o funcionamento dele. Uma vez feito isso, os brasileiros poderão exercer um dos principais pilares do sistema: a participação nos conselhos regionais de saúde. Assegurado pela Lei 8.142, o direito de participação popular na gestão do SUS é ferramenta vital para a melhoria da qualidade dos atendimentos prestados. Essas reuniões, realizadas a cada quatro anos, tem por objetivo redefinir periodicamente as diretrizes e os investimentos realizados para o funcionamento do SUS. Porém, apesar da abertura à participação de diferentes segmentos da sociedade, André Medici, especialista em saúde e políticas públicas afirma ser raro encontrar um número significativo de representantes populares nessas ocasiões. Diante da evidente necessidade de melhoria do SUS, torna-se imprescindível incentivar a população à agir para que isso ocorra. Assim sendo, caberá às ONGS (Organizações Não-Governamentais) voltadas à promoção da saúde realizar palestras de informação acerca do funcionamento do ‘Sistema Único de Saúde’ para a população em geral. Essas palestras, por sua vez, devem ser ministradas por especialistas em SUS e ocorrer nas escolas, unidades de saúde e demais nichos de grande circulação popular. Por fim, esta orientação específica possibilitará ao cidadão brasileiro cobrar seus direitos e, principalmente, assegurar uma assistência de qualidade para todos.