Título da redação:

Entre a inclusão e a meritocracia

Tema de redação: Esporte no Brasil: ferramenta de inclusão social ou meritocracia excludente?

Redação enviada em 27/10/2017

Na Grécia Antiga, os gregos, pautados na filosofia “mens sana in corpore sano”, sabiam da importância da boa forma física para uma saúde ideal. No Brasil, entretanto, o apoio dado ao desporto é, historicamente, insuficiente para resultados mais assertivos em competições e para o desenvolvimento educacional completo de crianças e adolescentes. À vista disso, o que deveria ser uma ferramenta de inclusão social, é, em si, uma meritocracia excludente, seja pela fraca eficácia das políticas públicas, seja pelo comportamento social de parte dos brasileiros. Por certo, embora a Lei de Incentivo ao Esporte tenha sido um grande progresso em relação as parcerias público-privadas, para estimular empresas a patrocinar projetos esportivos em troca de incentivos fiscais, muitas dessas instituições não utilizam esse recurso. Prova disso é que grande parte dos atletas e paratletas brasileiros optam por viver fora do país, devido aos incentivos técnicos e financeiros que recebem no exterior. Bolsa de estudos em universidades e treinamento com equipamentos de última geração são exemplos que compõem o rol de ofertas para os jovens competidores tupiniquins. Ademais, o acesso a infraestruturas de alta qualidade, geralmente, se restringe a espaços privados, a exemplo dos clubes, que são frequentados por uma pequena parcela da população dotada de maior poder aquisitivo. Outrossim, de acordo com o Ministério do Esporte, aproximadamente 33% das pessoas entre 15 e 19 anos são sedentárias. Nessa perspectiva, é essencial destacar que quando a sociedade não valoriza o desporto, ela se torna vulnerável, uma vez que essa prática distância o jovem da violência, da falta de empatia e da baixa autoestima. Além disso, essa atividade desenvolve as potencialidades dos seus praticantes na medida em que os torna confiantes, emocionalmente estáveis e preparados para os desafios impostos pela vida. Assim, vitória e a derrota passam a fazer parte do seu dia-a-dia, capacitando-os para a sociedade pós-moderna, a qual é caracterizada pela inversão completa dos valores esportivos, pois preconiza, segundo o filósofo Zygmunt Bauman, a substituição das ideias de coletividade pelo individualismo. Urge, portanto, que o Ministério da Fazenda proponha maior abrangência dos incentivos fiscais, de modo a ampliar essa medida para captar não só recursos financeiros, como também humanos e materiais, a exemplo da isenção de impostos para clubes e para universidades privadas, em troca de aulas de atividades físicas, de cursos de formação de atletas e de bolsa de estudos para desportistas. Outra medida importante é a construção de novos espaços, como as “academias ao ar livre”, em praças públicas, por parte das prefeituras, como forma de disponibilizar um ambiente adequado e gratuito para a prática de exercícios. Por fim, é imperativo ao Ministério do Esporte realizar, por meio dos canais abertos de televisão, campanhas contínuas que informem a população sobre como o desporto é essencial para inclusão social e para desenvolvimento físico, intelectual e moral, sobretudo, dos jovens.