Título da redação:

As Teorias sobre a Inclusão Social do Esporte

Tema de redação: Esporte no Brasil: ferramenta de inclusão social ou meritocracia excludente?

Redação enviada em 12/09/2015

A prática esportiva possui três finalidades principais: recreação, manutenção da forma física e atividade profissional. Baseadas especialmente no fato de que é possível se sustentar financeiramente a partir do esporte, uma corrente de pensamento especialmente crescente entre educadores físicos afirma ser o esporte uma ferramenta de exclusão social, pois premia apenas os melhores. Esta corrente de pensamento distorce uma das principais ferramentas de inclusão social moderna. A submissão do esporte à visão capitalista cujo único objetivo é o lucro financeiro é uma das bases da exclusão social. Ela implica em ignorar os outros motivos pelos quais se pratica o esporte, e todo o ganho físico e emocional proporcionado por estes outros motivos. O esporte é uma poderosa ferramenta emocional, por exemplo, às crianças e aos jovens. Na prática esportiva, ambos se encontram com frequência com outras crianças e jovens – o que forma grupos com fortes vínculos internos – e são desafiados a cada competição. Tanto os vínculos quanto os desafios constituem motivos para continuar a prática frequente, para se dedicar, para não estar nas ruas. O componente inclusivo principal é a evolução conjunta, capaz de dar uma razão de ser a um indivíduo e uma sensação de pertencimento – de estar com seus iguais – necessidades tipicamente associadas ao adolescente. Estes potenciais são profundamente transformadores, principalmente considerando que o meio esportivo normalmente não possui qualquer relação com ambientes em que há drogas e criminalidade, o que afasta ainda mais o praticante destes perigos. A visão minimalista do esporte como causador de inclusão, assim, ignora as necessidades humanas de recreação e convívio, colocando o esporte apenas como ganha-pão. Não é isto que ocorre na sociedade, na qual pessoas têm o direito de perseguir sonhos profissionais, aproveitando-se de seus dons junta ou separadamente a seu trabalho. Se um indivíduo ama a pintura, fazendo da arte a sua carreira ou não, ele deve pintar. O mesmo vale ao esporte. É necessário mudar esta corrente de pensamento; humanizar a vertente profissional dos educadores físicos que concordam com ela para que voltem seus aprendizados acadêmicos ao bem-estar social. Para isso, estes indivíduos precisam de mais oportunidades profissionais. Esta teoria tem origem nas principais funções dos educadores físicos atualmente – instrutor de academia e “personal trainer” – funções que lidam bastante com o treinamento de atletas. Isto se deve ao pouco investimento governamental em oportunidades de emprego aos educadores físicos, que se veem restritos às funções citadas, submetendo-se à luta pela sobrevivência do regime capitalista. Nem todas as escolas possuem um educador físico, e apenas uma minoria bem reduzida possui o espaço físico necessário à prática esportiva. Cabe ao Estado o investimento nesta parcela negligenciada da educação infanto-juvenil e, assim, abrir portas para que crianças e adolescentes possam usufruir apropriadamente do esporte.