Título da redação:

Abraçando a Meritocracia no Esporte.

Tema de redação: Esporte no Brasil: ferramenta de inclusão social ou meritocracia excludente?

Redação enviada em 31/08/2015

Durante nossa evolução como espécie, nossos corpos foram lapidados por inúmeras gerações para se adaptarem ao que fosse necessário para a sobrevivência, aprendemos a pular, correr, nadar, caçar, escalar... No entanto, desde o início das sociedades civilizadas fomos perdendo a necessidade primitiva de tais atos. Meios de transporte, agricultura e pecuária surgiram e quando vimos nossa subsistência já não dependia de atividades físicas. Porém, a sociedade se modifica muito mais rapidamente do que a evolução das espécies, e nossos corpos continuam adaptados ao exercício, que mesmo não sendo obrigatórios para a sobrevivência, são essenciais para a qualidade de vida. Nenhum ser vivo age sem uma razão, o esporte chega na sociedade humana definindo regras, objetivos e razões para o exercício físico, além disso, na idade antiga, o surgimento das olimpíadas teve grande impacto na política grega e na socialização entre os povos. Estando presente por tantos anos na nossa sociedade e tendo sempre sua importância reconhecida, conhecemos desde jovens os benefícios do esporte como ferramenta para a melhora da qualidade de vida e de inclusão social. Existem inúmeros programas sociais no Brasil que utilizam o esporte como ferramenta para a inclusão social, o uso do esporte na educação infantil auxilia no aprendizado de regras, limites, trabalho em equipe, liderança e isso sem mencionar os benefícios físicos já notoriamente conhecidos. Pintar o esporte como algo negativo, chamar de meritocracia excludente é ignorar todos esses benefícios e todo o trabalho realizado por esses programas. É verdade que inúmeras crianças sonham em ser jogadores de futebol e são decepcionadas todas as vezes que são escolhidas por último para o time dos amigos, mas esconder essa verdade só traria prejuízo, é ensinar que existe uma realidade diferente de como realmente é. Por mais que se esforcem, no esporte o talento precede a diferenciação, especialmente nas idades mais jovens, mas isso não impede de forma alguma a criança não talentosa se beneficie do prática esportiva. Não podemos iludir essas crianças de que a vida é sempre positiva, devemos trabalhar a meritocracia no esporte da mesma forma que a derrota é trabalhada, é uma importante ferramenta de aprendizado. Analisando nossas derrotas é que podemos aprender o que fizemos de errado para progredirmos, não podemos terminar todos os jogos infantis em empate e ensinar que a vida é dessa forma. Vivemos em um ambiente competitivo desde o início dos tempos, a competição faz parte da própria natureza e esconder, negar ou distorcer isso é impor uma visão de mundo errada que só trará prejuízo aos jovens, pois eventualmente vão perceber que a competição está em todo lugar, no SISU, em processos seletivos para empregos, em provas admissionais em escolas, até mesmo para estacionar um carro em um grande centro urbano existe a competição por vagas. Durante as eleições de 2014 muito se discutiu sobre as políticas sociais do atual governo brasileiro e a chamada "Meritocracia", defendida por algumas correntes de direta. A maior crítica à meritocracia é que nem todos possuem as mesmas oportunidades, e é verdade. No entanto, a maioria dos esportes de sucesso no Brasil só necessita de uma bola para ser praticado, que pode ser até mesmo feita de pano, com as próprias meias das crianças da rua. Claro que a criança da periferia não vai ter a oportunidade de praticar golf, ou tênis, mas sendo o Brasil o país do futebol, imagino que muitas se contentam apenas com aquele futebol simples, descalço mesmo, na rua de casa. Acredito que o esporte traz inúmeros benefícios para a inclusão social, permite que crianças da mesma comunidade interajam entre si e muitas vezes até mesmo com comunidades diferentes, além de oferecer uma atividade divertida e saudável que pode ser praticada por praticamente qualquer um. Existem diversas lições essenciais para a formação de caráter e civilidade que podem ser retiradas da própria meritocracia no esporte: "pessoas diferentes possuem talentos diferentes", "a vida nem sempre é justa", "muitas vezes haverá alguém mais habilidoso ou mais preparado", claro que deve ser trabalhado com muito cuidado e de forma positiva, mas aceitar suas próprias limitações, reconhecer seus pontos fortes e fracos é um fator essencial para o sucesso de qualquer um e quanto mais cedo ensinarmos isso para nossas crianças, mais preparadas elas estarão para a sociedade. A solução não é criticar esse lado do esporte, mas sim abraçá-lo e utilizá-lo também como uma parte importante da inclusão social e do aprendizado que o esporte proporciona.