Voltaire certa vez disse : posso não concordar com o que dizes mas defenderei até o fim seu direito de dizê-lo. Essa frase talvez resuma o espírito de todo o sistema político-ideológico do mundo ocidental, ou seja, a democracia. Todavia, no Brasil, nos últimos anos, esse sistema vem sendo ameaçado graças a uma proposta conhecida como " escola sem partido". Essa, além de anacrônica é paradoxal visto que os centros de ensino, por excelência, devem ser o local onde se dá o nascimento das ideias, mesmo que contraditórias. Primeiramente, é importante analisar a estrutura educacional brasileira. Por ser um dos países mais desiguais do mundo, tem-se que o aprendizado aqui também é desigual, ou seja, a escola pública tem pouca qualidade e o ensino adequado não é acessível a todos. Dessa forma, cria-se nas instituições de ensino médio e universidades em geral um forte sentimento reacionário. Certamente, essa situação tende apenas a se agravar neste país, em que menos de 10% das escolas são particulares e alimentam assim um forte sentimento elitista, comparável àquele vigente na África do Sul nos anos do Apartheid. Além do cenário intelectual fortemente polarizado, contribui para a tentativa de censurar professores o fato de as decisões, neste país, serem tomadas, de uma maneira geral, sem se consultar a população. Assim, graças a uma herança histórica que remonta à ditadura militar, professores e profissionais ligados à educação apenas acatam medidas que vem de "cima" e lhes são impostas, sem serem consultados. Diante do exposto, percebe-se a necessidade de se reformar e melhorar as escolas públicas nacionais. Para isso, é importante que o Ministério da Educação, juntamente aos governas estaduais e municipais e as lideranças estudantis, promova uma ampla reestruturação em todo o sistema público de ensino, visando melhorar sua qualidade. É necessário também que se crie, a nível nacional, órgãos além da União Nacional dos Estudantes, UNE, visando a comunicação entre centros de ensino e governo. Com tais medidas, progressivamente o Brasil caminhará rumo a uma educação diversificada e de fato não ideológica.