Na história contemporânea da humanidade, dois movimentos foram ao encontro de uma sociedade uniforme e sem partidos e esses foram os fascismos europeus e o socialismo bolchevique na Rússia. Atualmente se vê tramitando no congresso nacional brasileiro uma lei que faz lembrar o autoritarismo desses regimes, que seria a “Escola sem partido”. Usando uma retórica pseudocientífica e contra a doutrinação, esse projeto visa acabar com a essência a tradição cientifica das escolas e impor uma verdadeira doutrinação. Deve-se analisar, primeiramente, o argumento de que os professores devem apresentar fatos sem contrariar a educação que é passada pelas famílias dos estudantes. Usando o exemplo exposto por um defensor do projeto, como seria possível a um professor de Biologia passar seriamente o fato da evolução das espécies sem ir de encontro ao que é passado por alguns responsáveis fundamentalistas? A realidade que se desvela pela ciência muitas vezes contraria as nossas visões de mundo e negar isso ao processo educacional é impedir que os jovens aprendam os fundamentos da metodologia cientifica, que se mostram no ceticismo e na constante autocrítica. O processo de formação de um ser humano pensante requer, entre outras coisas, diversidade de ideias para que o mesmo possa questionar aquilo que já foi aprendido e construir suas próprias visões de mundo. Uma boa escola é aquela que possui vários partidos, várias correntes de pensamento que sejam sustentadas por evidências. É alarmante, também, que os militantes do projeto de lei estejam dispostos a propor que os estudantes não devam debater notícias atuais na sala de aula, tal atitude iria causar uma completa alienação da realidade por parte do jovem e demonstra o descompromisso com o pensamento crítico. Para que haja futuro para a educação brasileira é necessário, portanto, que essa lei não passe ou seja vetada. Com o intuito de promover o impedimento dessa lei é necessário que diversos setores da sociedade, como os movimentos sociais e os próprio corpo docente das escolas, se mobilizem para fazer pressão política sobre o congresso. É importante, também, que ONGs e outras instituições forneçam material didático, além de palestras e oficinas sobre a importância da pluralidade de ideias na sociedade e no meio acadêmico, podendo incluir aulas sobre os regimes totalitários e as reais medidas usadas para a doutrinação da população. Por fim, deve-se dar mais enfoque no ensino da metodologia cientifica dentro das instituições de ensino para que não se confunda neutralidade do fato com abolição do contraditório. Somente assim construiremos um país democrático e com uma educação voltada para o futuro.