Título da redação:

O contraditório projeto de lei

Tema de redação: "Escola Sem Partido" e os rumos da educação no Brasil

Redação enviada em 30/06/2016

"Aquele que luta contra os monstros deve acautelar-se para não se tornar um monstro também. Quando se olha muito para o abismo, o abismo olha para você", escreveu o filósofo Nietzsche, que entendia que os opostos se definem - ou seja, não há bem sem o mal - e que se precisa tomar cuidado para não se tornar seu oposto. Em resumo, ideias contrárias se completam de alguma forma e atingem um equilíbrio. A opinião, de alguma forma, é formada desse jeito: vê-se duas vertentes, há o questionamento e uma posição é estabelecida. Embora o método seja claro, existe um projeto de lei no Brasil que propõe a censura de uma das vertentes. A lei sugere que o professor vire um mero instrutor e não mais um educador. A educação cabe aos pais, a fim de que não haja doutrinação por parte da esquerda política ou de temas como o evolucionismo ou sexualidade. Desse modo, o estudante ficaria submetido somente às ideologias dos pais, ou seja, lacônicos, sem nenhum espírito crítico. Logo, pode-se notar que a proposta é totalmente contraditória. Embora o conceito de impedir a doutrinação seja extremamente pertinente, é errado tomar o direito de o aluno conhecer um ponto de vista diferente. A escola não é feita para moldar, mas, sim, para construir bases para que um indivíduo consiga formar sua própria identidade, opiniões e verdades. O papel do professor é exibir fatos e seus desdobramentos, discutir, incentivar o questionamento. Portanto, medidas são necessárias para resolver o impasse. Em primeiro lugar, esse projeto de lei deve ser vetado. Para Immanuel Kant, "O ser humano é aquilo que a educação faz dele", então, o MEC deve aumentar a carga horária de matérias como filosofia e sociologia, para que haja uma desconstrução de convicções, além de promover palestras para pais e alunos, com o intuito de estimular o respeito e o direito a opiniões diferentes.