Há muito que a escola passou de ditadora de informações, como aquela retratada no “Conto de Escola” de Machado de Assis, a essencial agente propulsor da construção do conhecimento. Existem, todavia, divergências entre aquilo que compete à escola e o que concerne unicamente à família. Essa problemática culminou no movimento “Escola Sem Partido” e configura preocupante cenário, seja por limitar o repertório cultural dos estudantes, seja por afetar o processo de construção da identidade que decorre em fase escolar. Segundo Durkheim, sociólogo francês, a educação é a socialização da geração jovem pelos adultos. Sob tal ótica, percebe-se que, ao ser impedido de abordar temas políticos, econômicos e sociais em sala de aula, o educador compromete o mecanismo de aprendizagem, posto que acaba por restringir o conhecimento transmitido às crianças. Assim, a dinâmica de ensino é acometida e os alunos carecem de perícia acerca desses temas. Outrossim, Rubem Alves, na obra “O passarinho engaiolado”, alude à temática da alienação a partir do destino de uma ave que não sabe fruir da liberdade por desconhecê-la. Nesse contexto, o aluno torna-se prisioneiro de ideias restritas e é incapaz de adotar postura crítica. Por conseguinte, a reprimenda aplicada a um grupo de tópicos tidos como impróprios pelos pais repercute na tomada de decisões e adoção de postura crítica por parte das crianças e jovens. Depreende-se, portanto, que a censura em sala de aula remete ao alheamento dos alunos. Destarte, impende ao Ministério da Educação a elaboração de ementa no que diz respeito à economia, política e vida em sociedade, com o intuito de fomentar debates em aula. Para isso, nem só a opinião do professor, nem só a dos pais: nas disciplinas de história e sociologia, vasta gama de pontos de vista devem ser contemplados, tanto na aula ministrada como no material didático. Desse modo será favorecido um ambiente propício à construção do conhecimento e liberdade de expressão.