Título da redação:

Escola sem ensino

Tema de redação: "Escola Sem Partido" e os rumos da educação no Brasil

Redação enviada em 26/07/2016

Nos últimos meses se levantou com muita força uma onda contra o sistema de ensino brasileiro influenciado por alguns grupos que visam interromper por meio de leis, a doutrinação que existe nas salas de aulas por parte dos professores, num projeto chamado de Escola sem Partido. Essa doutrinação seria a transmissão de determinados conceitos e valores que apoiariam a atuação de partidos e regimes tanto no presente, passado e até mesmo futuro. Mas existe essa tal doutrinação? E se existe, até que ponto há doutrinação? Numa pesquisa recente (divulgada pelo próprio site do projeto Escola sem Partido) foi perguntado a alguns professores qual eles achavam que era a função deles, a grande maioria (cerca de 78%) respondeu que eles acreditavam que deviam passar mais que conteúdos, e que deviam passar valores e conceitos que ultrapassavam uma sala de aula, ou seja, deviam ser educadores. De fato, os professores têm uma função imprescindível na formação humana do aluno, mas não cabe somente a ele, mas também aos responsáveis do aluno. Quando um aluno estuda um conceito ou assunto que de acordo com os pais não deva ser estudado, não deve haver um “boicote” ou revolta dos pais, mas deve acontecer uma conversa com o aluno para que eles possam entender as diferentes visões de mundo, não só aquelas que eles aprenderam nas salas de aulas, para que assim eles mesmos possam desenvolver o senso crítico e definir suas posições sociais, ideológicas e políticas. Mas ainda há algo que pesa quando se trata de doutrinação e ideologias: porque muitas vezes estudamos, e os livros falam tanto sobre Marx e Engels, e quase nunca ouvimos falar de Adam Smith ou Max Weber? O problema é que algumas vezes a educação é sim tendenciosa para certos lados, e não tenta transmitir os diferentes pontos e valores que envolvem nosso mundo. Além disso, há sim professores que tentam transmitir seus ideais e conceitos como verdade absoluta, mesmo que representem uma ínfima parcela no meio educacional. Isso reflete que alguns professores ainda não entenderam suas próprias funções sociais, ou seja, eles devem agir, como já foi tido, como educadores, e não como impositores daquilo que eles acreditam ser a verdade. Depois de tudo isso, o que pode ser dito: há razão na luta a favor da Escola sem Partido? Não. O projeto acabará por calar a voz daqueles verdadeiros educadores, e farão deles simples repetidores de conteúdo. Porém, precisa ser revisto certos pontos na nossa educação, como certos materiais de estudo, e certos pontos da formação dos professores para que eles venham a ser educadores de fato. E os pais e a família como um todo precisam entender o seu papel na formação das suas crianças, e precisam discutir com elas os valores que elas recebem em sala de aula e de que forma isso deve ser tratado dentro da família. E mais do que tudo, a sociedade precisa entender que um educador quer ajudar a “formar cidadãos” e não “fazer a cabeça de alunos”.