Desde a escola Aristotélica, fundada na Grécia Antiga, tinha-se como objetivo o dialeto entre mestres e alunos, fazendo deste, um pré-requisito para compreensão social e política na esfera ateniense. Todavia, na atual conjuntura brasileira movimentos como o Escola Sem Partido almejam inibir o livre diálogo no meio educacional. Nessa perspectiva, é coerente afirmar que a liberdade de pensamento e expressão são as bases para um indivíduo tolerante e crítico. Um aspecto a ser considerado remete à importância do estímulo a reflexão dos discentes. Paulo Freire, afirmava que ensinar não é transmitir conhecimento, mas criar possibilidades para própria produção ou construção pessoal. Analogicamente ao escritor, pode-se entender que a função do professor não se limita ao fato de repassar conteúdos acadêmicos como propõe o projeto de lei, no entanto, sua habilidade de instigar estimula a formação do criticismo, transformando, outrora cidadãos alienados em pessoas hábeis à analisar o contexto social no qual estão inseridos. Além disso, é válido ressaltar que o ambiente escolar tem como missão primordial preparar os alunos para a vida em sociedade. Nesse ínterim, tendo em vista a laicidade do Estado nacional, não convém que as crianças abstenham-se de conteúdos como sociologia e filosofia, os quais, incitam ao diálogo de temas polêmicos contemporâneos. Aliás, é fundamental que tais saibam conviver com as diferenças socioculturais e étnicas, tanto respeitando-as, como desassociando os tabus responsáveis pela exclusão. Dessa forma, é inviável que o professor não aja como educador conforme propõe a emenda. Para isso, é preciso que o Supremo Tribunal Eleitoral e as Assembleias Legislativas dos Estados não aprovem o projeto e anteprojetos da lei n°867/2015 do Escola Sem Partido. Assim como, faz-se necessário que o Ministério da Educação disponibilize cursos aos pedagogos que prepare-os para abordagens de temas conflituosos no ensino infantil. Em suma, de acordo com Aristóteles, a dúvida será, então, o princípio para a sabedoria.