Título da redação:

Em busca de um novo tempo

Tema de redação: "Escola Sem Partido" e os rumos da educação no Brasil

Redação enviada em 05/06/2016

Consolidada em 1988, a Constituição cidadã, pela primeira vez, previu a plenitude de direitos civis, políticos e sociais no Brasil. Diante disso, além de diretriz humana, a liberdade de expressão é inviolável em quaisquer âmbitos coletivos, isentar professores desse panorama é mais do que inconstitucional, é desumano. Nessa perspectiva, é perceptível o avanço da histórica luta ideológica e política nos ambientes escolares, o que torna válida a análise das atribuições da “Escola sem partido” e dos possíveis rumos negativos à educação a partir desse projeto. Propagandas abusivas, indústria cultural, escolas militares e cristãs, bancadas parlamentares específicas e movimentos estudantis são apenas alguns exemplos dos processos ideológicos que marcam a sociedade brasileira. Historicamente, a atenção política que deveria ser destinada a assuntos de interesse coletivo, como alimentação, transporte e saúde, é desviada para projetos irrisórios que apenas financiam um conflito entre segmentos opinativos, além de deturparem a LDB – Leis de Diretrizes e Bases para a Educação – como defendido pela “Escola sem partido” e pela lei alagoana de “Escola livre”. Enquanto isso, escolas públicos estão sucateadas, alunos sem merenda digna, professores mal pagos e vivenciado um processo que promove o seu silêncio em ambiente de trabalho. Desse modo, é necessário um esforço mútuo para que a Constituição não seja apenas uma carta magna obsoleta e sem leitura prática. É importante salientar que o caminho para elucidar a problemática encontra mais um obstáculo na expansão de ideais sociopolíticos em todos os setores populares. Segundo o renomado professor Paulo Freire, não existe imparcialidade, todos são orientados por uma base ideológica, resta saber se esse princípio é inclusivo ou excludente. Analogamente, o professor não pode estar isento dessa lógica, uma vez que ele compõe o corpo social, logo, sua opinião possui, inevitavelmente, alguma ideologia. Outrossim, o conhecimento não pode se limitar a mera apreensão de conteúdo, o senso crítico é a forma mais apreciativa na formação de futuros adultos conscientes. Por conseguinte, a discussão saudável em sala de aula, a quebra da passividade do aluno e a liberdade de expressão dos envolvidos são os principais pilares para o setor pedagógico, pois, somente pela manutenção desses ideais, se fará uma escola mais inclusiva e menos ditatorial. Destarte, a constitucionalidade e, principalmente, os direitos humanos devem ser sempre respaldo a quaisquer projetos políticos e sociais. Por isso, uma alternativa plausível seria a construção de fóruns virtuais e presenciais em todas as instâncias do Estado para que a sociedade possa colaborar nas decisões políticas diretamente, e, por vezes, na formulação de referendos. Ligado a isso, urge à comunidade escolar e familiar o papel sinérgico de discutir alternativas viáveis à educação dos mais jovens, sob auxílio de pedagogos especialistas e psicólogos em oficinas e reuniões periodicamente, a fim de evitar conflitos e tornar a escola um ambiente democrático. Afinal, toda transformação é primordialmente germinada no intelecto humano. Dessa feita, como já afirmado pelo líder Nelson Mandela: “É preciso que uma nova era comece”, em que a escola seja o alicerce democrático e humano de uma nação.