É cada vez mais perceptível o grande impasse que a sociedade brasileira enfrenta, atualmente, acerca dos idosos, haja vista a persistência de uma das principais formas de violência praticadas a essa faixa etária: a negligência. Nesse sentido, é preciso destacar os protagonistas dominantes, constituintes de tal conjuntura: o Estado, o qual falha em oferecer a assistência adequada a essa classe de pessoas, assim como, os familiares. Em primeira análise, destaca-se o governo brasileiro como um dos colaboradores para o aumento dessa negligência aos idosos. De fato, a precariedade no cuidado com a saúde dessas pessoas é um dos entraves enfrentados no século XXI, tendo em vista a fragilidade do sistema de saúde em apoia-los, como a falta de capacitação profissional e inadequação da infraestrutura hospitalar. Dessa forma, percebe-se a falta de preparação do Estado brasileiro para lidar com a questão do envelhecimento da população. Assim afirma o geriatra e professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul: "Não se tinha e nem se tem ainda capacitação necessária para qualificar os profissionais para atender a esse novo perfil brasileiro." Em segunda análise, é imprescindível ressaltar a participação dos próprios familiares do idoso nesse ato de violência. Certamente, tal fato é consequência, prevalecente, da relação de grande dependência existente entre esses anciãos e os parentes, os quais, cada vez mais, estão intolerantes com esse cenário de subordinação, provocando muitos traumas dentro do ambiente doméstico. Desse modo, é inegável que a violência intrafamiliar é produto do desconhecimento da família de como agir ou refletir sobre tais aspectos. Consoante dados do Disque 100, mais de 50% das denúncias de violência contra o idoso são realizadas pelos próprios filhos desse indivíduo. Portanto, são notórios os entraves enfrentados pelo Brasil acerca da negligência da situação dos idosos, atualmente. Por isso, é mister o governo garantir melhor assistência na área da saúde especializada em atender essa parte da população, a partir de maior estímulo aos graduados em medicina a prestar residência em geriatria, assim como melhorar a infraestrutura hospitalar, investindo maior capital nesse setor. Ademais, é necessário assegurar maior estabilidade nos ambientes domésticos dessas pessoas, por meio de palestras as quais conscientizem e aconselhem os familiares a como lidar com a condição em que esses indivíduos se encontram.