Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: Ensino sobre gênero e diversidade sexual nas escolas: necessidade ou doutrinação?

Redação enviada em 21/02/2017

De acordo com Michel Foucault, a educação moderna apresenta atitudes de vigilância e adestramento do corpo e da mente. Nessa perspectiva, é possível analisar como a normatividade escolar, a qual estabelece padrões de feminilidade e referências de masculinidade, interfere na construção identitária do indivíduo. Destarte, o debate sobre gênero nas escolas é o principal instrumento para assegurar a liberdade de expressões e afirmar a equidade humana. Nesse ínterim, é incontestável a presença histórica de saberes e poderes, legitimados pela sociedade, os quais fortalecem a lesbofobia e a transfobia. Como exemplo disso, ainda é marcante a atuação de instituições religiosas que insistem em ignorar a laicidade do Estado brasileiro, o qual deve garantir a educação inclusiva. Entretanto, fatos como a recusa do nome social nos colégios e a passividade de muitos docentes diante dos atos de violência física e simbólica provocam a evasão escolar. Desse modo, com a educação incompleta, as condições de vida principalmente dos transexuais e travestis são limitadas, pois o mercado de trabalho é reduzido, marginalizando-os socialmente. Ademais, a heteronormatividade presente nas instituições de ensino fortalece a misogenia e consequente feminicídio. Isso, aliado ao avanço dos discursos fundamentalistas torna imprescindível a adoção de políticas sólidas para extirpar a ideia de que o debate de gênero possa anular as diferenças percebidas ou desestruturar certas doutrinas religiosas. Faz-se necessário, portanto, a atuação do MEC (Ministério da Educação) ao proporcionar palestras ministradas por psicólogos de modo a conscientizar crianças e jovens sobre o tema de maneira a evitar a violência. Além disso, o MEC deve reformular o preparo do corpo educacional através da implementação do debate de gênero nos cursos de licenciatura, visando preparar os educadores a receberem devidamente as diferenças dos alunos. Para isso, disponibilizar a opção de utilizar o nome social seria um avanço. E, o Ministério da Cultura aliado à ONGs pode não só elaborar campanhas sobre a divisão de responsabilidades entre os gêneros para combater o machismo, mas também criar momentos de debate nas instituições religiosas para reduzir radicalismos. Dessa forma, ao desconstruir padrões desde cedo, a normatização criticada por Foucault será combatida.