Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: Ensino sobre gênero e diversidade sexual nas escolas: necessidade ou doutrinação?

Redação enviada em 21/11/2016

Brás Cubas, o defunto-autor de Machado de Assis, diz em suas “Memórias Póstumas” que não teve filhos para não transmitir a nenhuma criatura o legado da miséria humana. Talvez hoje percebesse acertada sua decisão: a postura de descaso das pessoas em relação à questão de gênero e opção sexual é uma das faces mais perversas de uma sociedade individualista, preconceituosa, patriarcal e opressora. Reverter esse quadro e promover o debate entre os jovens nas escolas é uma necessidade e um desafio para um país que se diz tão plural. É importante destacar, em uma primeira análise, o âmbito individualista dos preconceitos de gênero e sexual. A falta do pensamento coletivo e do respeito com o próximo geram inúmeros inconvenientes para a sociedade. Percebe-se que essa situação é fruto inegável de uma ideologia baseada no individualismo e em relações interpessoais amorfas que perpetuam a discriminação. Lamentavelmente, nem com a evolução dos tempos e nem do próprio homem conseguiu-se mudar esse cenário do saber viver em sociedade e respeitar a escolha do outro e as diferenças. Ora, razão tinha sociólogo polonês Zygmunt Bauman ao afirmar o perfil da sociedade contemporânea: superficial e desfacelada Assim, a escola é o ambiente perfeito para a mudança desse contexto, pois é o local onde estão os futuros cidadãos pensantes da sociedade. Além da questão individualista, é necessária a análise sobre a facilidade de disseminação de informações contemporâneas. A comunicação teve uma evolução gigantesca nos últimos anos, ocasionando, por exemplo, a disseminação de acontecimentos e comentários preconceituosos acerca da diferença de gênero e opção sexual. Qualquer pessoa tem liberdade para falar o que quiser redes sociais, bastando apenas ter a conexão com a internet. Logo, opiniões, na maioria das vezes discriminatórias, são formadas instantaneamente e sem análise crítica do acontecimento e do assunto. Portanto, a escola, cujo principal objetivo é promover o raciocínio crítico no aluno e ensiná-lo sobre as mais diversas culturas e disciplinas, é importante agente de combate dessa situação da vulgarização da formação de opiniões. Enfim, é necessário que haja uma alteração na grade curricular das instituições de ensino com o intuito de inserir um ensino mais reflexivo em torno da diferença de gênero e diversidade sexual. Para isso, as escolas, através dos professores, poderiam promover, com o convite de comparecimento para os pais, rodas de discussão acerca do tema e palestras com pessoas que já passaram por algum constrangimento em relação ao preconceito de gênero e sexual. Ademais, universidades federais poderiam estabelecer programas de estágios em escolas públicas para os graduandos em psicopedagogia cujo objetivo seria a promoção de palestras de conscientização nas escolas para os jovens. Logo, o país poderá ter um futuro mais igual e de mais respeito entre os cidadãos, do qual Brás Cubas pudesse orgulhar.