Título da redação:

O amor que não ousa ser dito nas escolas

Tema de redação: Ensino sobre gênero e diversidade sexual nas escolas: necessidade ou doutrinação?

Redação enviada em 06/12/2016

Os homossexuais, assim como os negros e as mulheres, por muito tempo tiveram seus direitos fundamentais suprimidos. Um processo histórico de muitas lutas e à custa de muito sangue foi necessário para garantir alguns dos direitos mais basilares da pessoa humana, o direito ao voto, o direito à liberdade e a autonomia de viver com quem se ama. No entanto, esse processo ainda não cessou, o ensino de gênero e diversidade sexual nas escolas é necessário, haja vista vivermos em uma sociedade composta por uma pluralidade de formas de amar e de se definir. A história é talvez a maior testemunha da perseguição aos homossexuais – aludo apenas os homossexuais porque foram os que mais retaliações sofreram- para ilustrar cito dois exemplos. Primeiro, ao escrever o belíssimo poema intitulado “O amor que não ousa dizer o seu nome”, Oscar Wilde assume sua homossexualidade e é condenado a dois anos de prisão e trabalho forçado, em 1876. Segundo, na década de setenta, o militar veterano do Vietnã Leonard Matlovich, sumariamente foi desligado das forças armadas estadunidense, por assumir sua opção sexual, após o ocorrido produziu a frase antológica “por matar dois homens recebi uma medalha, por amar a um fui expulso das forças armadas”. A história prova a necessidade de se ensinar a diversidade sexual. Desde a Grécia antiga discutiam se se nasce moral ou se a moral é aprendida. Aristóteles em sua obra denominada “Ética a Nicomaco” diz que não se nasce um ser moral, se aprende a ser moral. Logo depois, o filosofo empirista John Locke reforça essa ideia, dizendo que ao nascermos somos como uma “tábula rasa”, ou seja, como uma folha em branco. O único modo de garantir uma sociedade igualitária, solidária e justa é ensinando, em casa ou na escola, a respeitar e tolerar o outro, especialmente o oposto. Toda religião ou convicção filosófica, desde que não violenta, deve ser respeitada, o ensino de gênero e diversidade sexual nas escolas não tem como objetivo mudar a convicção ou a fé de qualquer pessoa. O que faz a beleza de uma democracia, de uma sociedade aberta e plural, é a possibilidade de convivência harmoniosa entre pessoas que pensam de maneiras diferente. Não estamos falando de abdicação da fé, mas de incluir o outro, pois querendo ou não, a diversidade sexual é um fato da vida. Por fim, deve-se ser ensinado nas escolas o gênero e a diversidade sexual, criando grades alternativas que incluam uma disciplina que versa sobre o tema. É importante também orientar os pais da necessidade de se discutir sobre gênero. Com isso, derrubaremos o muro do preconceito e da segregação e, em seu lugar, construiremos a ponte do respeito e da inclusão.