Diante do crescimento industrial e econômico do Brasil aumenta, também, sua necessidade energética. Para supri-la, alguns tomam como solução o uso da energia nuclear. Contudo, esta alternativa deve ser pensada com cautela e evitada ao máximo, visto os perigos e gastos implícitos e o potencial brasileiro em relação a outras fontes de energia. Muitos são os discursos sobre o baixo custo da energia nuclear, caracterizando-se, pois, como uma vantagem. Todavia, há alguns gastos indiretos que, muitas vezes, são desconsiderados. A instalação de uma usina nuclear deve vir acompanhada de investimentos em pesquisa, na segurança do entorno e na qualificação de profissionais para trabalhar com o material radioativo, além de campanhas de treinamento à população para que saibam evacuar com segurança as áreas ao redor em caso de acidente. Além disso, há outros gastos sociais que precisam ser previstos. Apesar de os desastres serem de baixa probabilidade, eles já ocorreram e com altíssimo grau de destruição. No acidente de Chernobyl, por exemplo, estudos de ONGs, como o Greenpeace, estimam que 100 mil pessoas tenham sido vítimas deste acidente e sofram com as sequelas até os dias atuais. Tais pessoas aumentam os gastos públicos em saúde, algo que o Brasil não está preparado para enfrentar caso haja um acidente, visto o sucateamento e a ineficiência já existentes no Sistema Único de Saúde. Além disso, aproximadamente 48 mil famílias tiveram que abandonar suas casas, o que mostra a necessidade de um amplo diálogo com a população, expondo as reais necessidades da instalação de uma usina nuclear, se não há outras possibilidades, se as pessoas estão dispostas a abandonar suas casas na ocorrência de acidentes e se o governo estará disposto a indenizar tais famílias, não devendo ser, pois, algo simplesmente outorgado à comunidade. Faz-se, preciso, pois, que o Estado explore ao máximo fontes de energia mais seguras e, caso haja a necessidade da instalação de usinas nucleares, esta venha acompanhada de diálogo com a população, que deve ter o direito de aceitar ou não tê-las nas suas proximidades. A mídia deve trabalhar de forma mais aprofundada o assunto, com debates com especialistas nos telejornais. As Secretarias de Ensino, cabem levar ONGs conhecedoras do assunto para as escolas, para a realização de palestras com os alunos e pais. As universidades podem, também, cobrar mais o assunto nas suas provas de vestibulares, para que assim os estudantes possam estudar mais sobre a questão e formar uma opinião quanto a ele.