A palavra educação domiciliar, “homeschooling” no inglês, é uma prática de educar em casa por meio da família. Entretanto, no Brasil, há uma responsabilidade pública pela educação que visa sanar as disparidades educacionais geradas por um contexto histórico de desigualdade socioeconômica. Portanto, a educação domiciliar é um modelo educacional excludente, além de ferir os direitos sociais estabelecidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Em primeira análise, a educação domiciliar é realizada pelas famílias para os seus filhos ou pupilos. Porém, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de 2017, o Brasil é o décimo país mais desigual do mundo, trazendo uma importante reflexão. Se há tamanha desigualdade econômica, como famílias com pequeno poder aquisitivo vão garantir na íntegra educação satisfatória para os filhos sem o amparo do Estado? Desse modo, crianças mais pobres estariam sujeitas a maiores dificuldades para o desenvolvimento pleno do seu direito à educação, já que o investimento em livros e materiais didáticos ainda são de grandes custos. Vale lembrar também que as escolas públicas brasileiras sofrem com a desvalorização do aparelho governamental, como a PEC 241 de contenção de gastos em educação e saúde que podem chegar em até 20 anos. De certo modo, essa precariedade é um dos motivos dos pais desejarem educar seus filhos na comodidade de casa. Mas, a escola é uma das instituições responsáveis pela socialização dos indivíduos, estimulando-os a conviver e trabalhar em equipe, além de prepara-los para a realidade do mercado de empregos, vendas e investimentos. Diante dessa perspectiva, é notório que a educação domiciliar é um exemplo de que exclui grande parte da população brasileira do acesso adequado a educação. Sendo assim, é imprescindível que o Ministério da Educação, por via conscientização dos cidadãos em entrevistas e propagandas nas mídias, esclareça as desvantagens dessa, visando uma compreensão holística do processo e necessidade do aprendizado formal estar em consonância com a família, mas, não partir exclusivamente dela.