Homeshooling. Esse projeto de educação, que está em trânsito na Câmara dos Deputados, defende o ensino do indivíduo em ambiente doméstico. Em virtude disso, opiniões são divididas quanto à eficiência dessa forma de educação: de um lado, por exemplo, pais adeptos à essa nova configuração educacional como forma de proteger seus filhos da doutrinação ideológica presente nas instituições de ensino, de outro lado, no entanto, especialistas da educação que contestam a privação do indivíduo do âmbito escolar. Nesse sentido, a educação domiciliar não se apresenta como solução para o ensino brasileiro, mas, sim, como um fracasso no sistema, uma vez que o processo de socialização e o desenvolvimento do pensamento crítico do indivíduo são prejudicados. É importante pontuar, de início, a interferência negativa do homeshooling no processo de socialização do indivíduo. Em relação a isso, diante da diminuição das relações sociais que essa nova forma de educação fornece, ela atuaria como colaboradora indireta na acentuação de preconceitos e estereótipos enraizados na sociedade brasileira. Nessa perspectiva, a ampliação desses males na sociedade brasileira seria estimulada, entre outros motivos, pela privação do indivíduo às instituições de ensino em razão da menor convivência com a diversidade cultural, racial e religiosa presente nesses locais, pois pela educação domiciliar ele ficaria em constante presença de seus iguais, ou seja, familiares e amigos. Por isso, a Sociologia, ramo da ciência que estuda a sociedade, verifica a importância das diversas relações estabelecidas entre os indivíduos nas diversas instituições sociais que ele frequenta para que, assim, ele aprenda a respeitar, conhecer e traçar os limites de sua liberdade de expressão. Outrossim, uma segunda questão é a contração do pensamento crítico provocada pela educação domiciliar. Assim sendo, segundo Immanuel Kant, filósofo alemão, o ser humano é aquilo que a educação faz dele. Nesse contexto, mesmo que o indivíduo aprenda sobre matérias essenciais que colaborem para a instigação do pensamento crítico, como sociologia e filosofia, a instrução domiciliar reduz o acesso à debates críticos, como é frequente em ambientes escolares, e, também, à opiniões diferentes daquelas que são apresentadas pelo professor domiciliar, acarretando, dessa forma, na formação de indivíduos pautados, em sua maioria, no senso comum. À vista disso, é reconhecível as consequências negativas do homeshooling para o sistema de educação brasileira. Diante disso, é necessário que a comunidade escolar, sociólogos e especialistas na área de educação, em parceria com a mídia, produzam propagandas que serão transmitidas em redes de televisão e, conjuntamente, disseminadas na internet, por meio de redes sociais, a fim de conscientizar a população das consequências negativas da educação domiciliar no desenvolvimento social e intelectual do indivíduo.