Título da redação:

O homem como ser social

Tema de redação: Educação domiciliar: solução para o ensino brasileiro ou fracasso do sistema?

Redação enviada em 01/05/2018

O filósofo grego Aristóteles defendeu o princípio da “eudaimonia”, segundo o qual o propósito do homem no mundo seria a busca pela felicidade plena. Nesse sentido, o processo de socialização atua como um caminho para o alcance dessa premissa. Todavia, no Brasil, a educação familiar como alternativa para o ineficiente sistema de ensino vigente põe em xeque o pensamento aristotélico. Desse modo, convém analisar não só os aspectos positivos, mas também os entraves que tal medida pode ocasionar. Cabe pontuar, em um primeiro plano, os benefícios gerados pela substituição do ensino em conjunto para o estudo em domicílio. Apesar de a grande maioria adepta dessa proposta alegar razões relacionadas à crença para a opção por essa forma de ensino, conforme mostrado pelo jornal O Globo, vale destacar, também, a maior autonomia que o aluno pode assumir perante os estudos. Nesse viés, o discente, sobretudo, do ensino médio, tem a opção de realizar estudos direcionados ao curso superior o qual ele pretende cursar. Diante disso, o acesso à universidade é facilitado, haja vista que a escola, ao considerar a diversidade de opções que os alunos possuem para o ingresso na faculdade, não realiza estudos específicos de um processo seletivo. Vale ressaltar, em uma análise mais profunda, as consequências geradas pelo modelo de ensino domiciliar. Segundo o sociólogo francês Pierre Bourdieu, o desenvolvimento humano ocorre por meio do “habitus primário e secundário”, sendo o último, por sua vez, caracterizado pela interação em ambientes como a escola e a igreja. Desse modo, e consoante ao princípio de Aristóteles, de que “o homem é um ser social”, é indubitável que o não contato dos indivíduos com outras formas de pensar e de agir, propiciadas pelo ambiente escolar, inviabiliza a completa socialização do cidadão, uma vez que não há a formação de grupos sociais. Infere-se, portanto, que a educação familiar obstaculiza a vivência do indivíduo em sociedade, visto que a escola atua como etapa para a socialização. Nessa perspectiva, é imprescindível que o Governo Federal, na figura do MEC, amplie o investimento na qualidade do processo educacional, por meio da capacitação dos professores e fornecimento de aulas de reforço dos conteúdos ministrados em sala de aula. Além disso, as instituições de ensino devem corroborar esse processo por meio de parcerias com as famílias dos estudantes, as quais seriam efetivadas com a realização de reuniões, com pais e mestres, que incentivassem os pais a acompanharem, rigidamente, o desempenho dos filhos nas escolas. Só assim, o Estado cumprirá o papel de máquina socializadora e educadora, e evitar-se-á a interrupção do “habitus secundário”.