A Profecia de Zweig Ao refugiar-se, no Brasil, da Segunda Guerra Mundial, o escritor austríaco Stefan Zweig publicou, em 1941, o livro “Brasil, País do Futuro”. No entanto, o cenário educacional brasileiro não faz jus a essa premissa, o que acarreta nos pais ou responsáveis o desejo pela implementação da educação domiciliar – ou homeschooling. Dessa forma, deve-se analisar se esse tipo de escolarização alternativa é a solução para o sistema de ensino brasileiro. É notório que o sistema educacional brasileiro está em colapso, principalmente devido à escassez de investimentos financeiros pelo governo neste setor de base para a sociedade. Com isso, está cada vez mais evidente à procura pelo homeschooling. Este meio de educação alternativa, no entanto, se configura como um meio de ensino restritivo e limitador, uma vez que promove o isolamento na residência e, com isso, a inadequada socialização dos alunos. Isso ocorre porque, seguindo o enunciado pelo sociólogo Zigmunt Bauman em sua obra “Modernidade Líquida”, o individualismo e o egocentrismo, ao proporcionar a falta de empatia e intolerância, prejudicam o desenvolvimento social e, por conseguinte, o trabalho e sentimento de equipe. Dessa forma, demonstra-se essencial o papel da escola não somente como formadora acadêmica, mas como orientadora da cidadania e da composição ética e moral do indivíduo. Outrossim, apesar do sucateamento da educação tradicional brasileira, o homeschooling também não se configura como solução viável para resolver o problema porque, além de ser ilegal à vista do Estatuto da Criança e do Adolescente e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, é de difícil fiscalização pelos órgãos estatais. Uma vez que se preza uma base educacional semelhante em direitos a todos os estudantes, não há como ter um acompanhamento eficaz e particularizado da qualidade e frequência às aulas, atividades e horários adequados devido à quantidade de lares presentes no país. Desse modo, demonstra-se a inviabilidade, no Brasil, desse tipo de sistema de ensino. Torna-se evidente, portanto, que a educação domiciliar não se apresenta como a solução para o fracasso do sistema de ensino brasileiro. Em razão disso, o governo, em parceria com o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, deve destinar recursos financeiros adequados para habilitar profissionais e escolas, a fim de oferecer uma educação de qualidade e, com isso, diminuir à procura por meios alternativos de ensino. Ademais, as escolas públicas e privadas, em parceria com a mídia e as redes sociais, devem divulgar campanhas, debates e palestras com psicopedagogos e outros profissionais especializados na área acerca do homeschooling e seus efeitos negativos nos estudantes, com a finalidade de elucidar pais, responsáveis e os próprios alunos a respeito desse tema. Isto posto, poder-se-á aproximar o Brasil real do Brasil idealizado por Stefan Zweig há quase oito décadas atrás.