Concernente ao historiador Nicolau Maquiavel, os preconceitos possuem mais raízes que os princípios. Desse modo, é possível constatar a vigência dessa reflexão no Brasil contemporâneo, ao observar os dilemas enfrentados na doação de orgãos no país, que ocorrem devido a falta de discernimento - principal fomentador de preconceitos - presente em grande massa da população. Portanto, um debate acerca da doação de orgãos é necessário para impulsiona-lo. É indubitável que a deficiência intelectual acomodada em esferas populacionais, seja considerada um dos maiores dilemas na doação de orgãos. Segundo o pensador Nelson Mandela, o conhecimento é o grande motor do desenvolvimento pessoal. Todavia, essa analogia não obtém a reflexão esperada, haja vista que o conceito de morte encefálica - único diagnóstico que possibilita a doação de orgãos - não está claro no entendimento de grande parte dos indivíduos, construindo um tabu em volta do assunto, devido a crenças religiosas, esperança do indivíduo permanecer vivo e até mesmo a escolha por enterrar os orgãos saudáveis, que poderiam salvar outras vidas. Dessa maneira, é nítido que uma maior disponibilização de informações sobre o tipo de diagnóstico e os benefícios adquiridos na doação, agiriam como desmistificadores do inercial dilema. Outrossim, destaca-se o despreparo de alguns profissionais no momento de informar sobre a doação de orgãos para a família da vítima de morte encefálica. Diante disso, essa situação é evidenciada em um dos episódios da série médica "Grey's Anatomy" em que um médico é agredido após salientar sobre a possível doação, que evidentemente acaba sendo negada. Em virtude disso, fora de ficção, a reação agressiva e inconveniente de muitos indivíduos é comum no dia a dia dos profissionais de saúde, que não recebem uma orientação precisa sobre como agir perante esse tipo de situação. Dessa forma, é evidente que o emprego de auxílio adequado nos ambientes hospitalares, impulsionaria a resolução da problemática. Destarte, subterfúgios devem ser encontrados para resolucionar os diemas da doação de orgãos no Brasil. Por isso, o Ministério da Saúde (MS) em parceria com canais de mídia deve providenciar a criação de projetos que expliquem sobre morte encefálica e a importância da doação de orgãos, através da dramaturgia e propagandas, afim de desconstruir os pensamentos intolerantes com a disponibilização de informações. Alem disso, o Ministério da Saúde deve efetuar a contratação de profissionais de saúde mental para repassar o diagnóstico de morte cerebral e informar sobre a doação de orgãos, com finalidade de privar o máximo possível de negações e evitar ações inconvenientes. Assim, as raízes dos preconceitos poderão ser destrinchadas da realidade contemporânea.