Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: Dilemas da doação de órgãos no Brasil

Redação enviada em 03/05/2019

É de conhecimento geral que no início do século XX no Brasil- em meados da Primeira República- os centros urbanos, sobretudo a cidade do Rio de Janeiro, configuravam um cenário caótico como consequência da inexistência de recursos na área da saúde. Hodiernamente, entretanto, apesar do avanço deveras significativo das pesquisas médicas e das tecnologias aplicadas na área, a doação de órgãos é uma problemática persistente, em razão não apenas das falhas nos sistemas hospitalares, mas também da falta de envolvimento das famílias. No que se refere aos mecanismos que envolvem o processo de doação de órgãos, é evidente a presença de empecilhos que dificultam a agilidade e a qualidade dos transplantes. Nesse viés, observa-se que o repasse irregular de verbas do Estado para o âmbito da saúde pública prejudica a aquisição de equipamentos e materiais básicos para o setor cirúrgico dos hospitais, bem como a manutenção de seus espaços físicos e do salário dos profissionais, o que, por conseguinte, corrobora para a negligência no atendimento de possíveis doadores e inviabiliza a realização do transplante em pacientes que se encontram em estado de urgência. Assim, embora a saúde seja um direito de todo cidadão, assegurado pelo artigo 196 da Constituição Federal de 1988, o investimento irresponsável na área coloca em risco a vida de muitas pessoas. Outrossim, uma vez que a decisão de tornar-se um doador de órgãos não envolve documentos oficiais, fica a família responsável pela autorização do procedimento quando o possível doador não encontra-se capaz de manifestar sua vontade. Não obstante, segundo o oncologista Drauzio Varella, é recorrente a resistência de muitos parentes em permitir o transplante, o que pode considerar-se resultado da ineficiência do processo-verificada em muitas regiões onde o investimento no SUS é precário, como é o caso de diversas cidades do interior do Norte e do Nordeste do país. Ademais, soma-se uma política de incentivo à doação de órgãos deficiente no Brasil, o que reforça a falta de esclarecimento das famílias acerca da importância da ação para o bem social. Nesse sentido, urge que o Poder Executivo, por intermédio do Ministério da Saúde Pública, destine verbas, para as instituições hospitalares estaduais e municipais, o suficiente para a compra de materiais básicos e para o melhoramento de suas estruturas, assim como a especialização de profissionais por meio de projetos de extensão e palestras com especialistas, a fim de que o sistema da saúde torne-se capaz de realizar o transplante de órgãos de forma efetiva, facilitando a adesão das famílias e a divulgação da qualidade do processo nos meio de comunicação. Dessa forma, a problemática pode ser solucionada, e a saúde no Brasil se tornará mais digna, em comparação ao início do século XX.