Título da redação:

Doação de esperança

Tema de redação: Dilemas da doação de órgãos no Brasil

Redação enviada em 17/04/2019

A esperança de uma vida digna, longe do leito dos hospitais, pode estar na morte. Todos os anos, milhares de brasileiros esperam que a morte de alguém lhe traga essa esperança - por meio da doação de órgãos -, e outros milhares de heróis anônimos estão dispostos a doar uma parte de si para salvar essas vidas. Entretanto, embora os transplantes de órgãos tenham se tornado mais frequentes na última década, a estrutura precária do sistema de saúde pública e a falta de informação da sociedade ainda dificultam a chance de sobrevida de muitas pessoas. Nesse sentido, esses desafios devem ser superados de imediato para que uma sociedade integrada seja alcançada. É indubitável que uma boa estrutura do sistema de saúde pública é primordial para a eficaz capitação e transplante de órgãos no país, todavia a precarização da saúde no Brasil impossibilita tal eficácia. Como a maioria dos doadores têm morte encefálica (decorrente muitas vezes de AVC), urge a necessidade das emergências estarem equipadas para os procedimentos iniciais do transplante, bem como o transporte dos órgãos, caso seja necessário. De acordo com dados da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), o Brasil desperdiça 50% dos órgãos aptos para transplantes. Assim, é inadmissível que tal postura negligente do governo no que tange à saúde pública perdure. Faz-se mister, ainda, salientar a falta de informação da sociedade a respeito da doação de órgãos como um dos dilemas enfrentados no Brasil. Mesmo com a divulgação de slogans e campanhas que visam aumentar o número de doadores, a persistência do preconceito e recusa quanto à doação de órgãos permanece intrinsecamente ligada à realidade do país. No entanto, segundo o pensador e ativista francês Michel Foucault, é preciso mostrar às pessoas que elas são mais livres do que pensam para quebrar pensamentos errôneos construídos em outros momentos históricos. Dessa forma, uma mudança nos valores da sociedade é fundamental para minimizar a resistência contra a doação de órgãos no Brasil. Infere-se, portanto, que ainda há entraves para garantir a solidificação de práticas que visem à construção de um mundo melhor. Cabe ao Governo Federal promover melhorias na saúde pública, por intermédio da oferta de subsídios aos hospitais públicos, especialmente de cidades do interior, que carecem em estrutura, com o fito de garantir a ativa capitação e transplantação de órgãos, abstendo o desperdício de órgãos, logo, salvando vidas. Com tais medidas, espera-se minorar os dilemas da doação de órgãos no Brasil.