Considerado o País verde, o Brasil é um dos maiores exportadores de suprimentos alimentícios do mundo. Com uma vasta vegetação e variados tipos de solos, os brasileiros produzem os mais diversos cereais, legumes e frutos, proporcionando uma verdadeira fartura. Contudo, segundo dados das Organizações Unidas para Alimentação e Cultura, o Brasil é a nação que mais desperdiça alimentos, uma problemática que leva a discussões se o responsável é a população, as entidades produtoras ou a administração do governo. Em âmbito varejista, o consumo domiciliar juntamente com os supermercados e distribuidores são culpados por cerca de 10% dos desperdícios, e essa perda se relaciona a fatores como os "frutos feios" e as responsabilidades dos empresários donos de restaurantes e supermercados. Os chamados "frutos feios" são aqueles amassados que são considerados impróprios para o consumo, e como a legislação penaliza o doador de alimentos por quaisquer danos causados aos receptores, a opção é descartar no lixo toneladas de alimento que poderiam suprir creches, escolas e similares. Já na esfera da produção, aproximadamente 60% das perdas se encontram no campo, no manuseio e no transporte. No campo o plantio errado pode comprometer a colheita, e a falta de uma mecanização inteligente na agricultura também estraga e descarta toneladas de alimentos antes mesmo de chegar ao consumidor final. Entretanto, o que mais tem causado desperdícios é o sistema de transportes, principalmente no caso de hortaliças e grãos. Embasando nessas informações é notório que a administração do governo neste assunto é falha e negligente. Um exemplo disso é o fato de estar tramitando a quase dez anos sem aprovação a "PL" do Bom Samaritano, que visa facilitar a vida de empresas e produtores que pretendem doar produtos a instituições de caridade em vez de descartá-los, pois tal ação de cidadania pode ser considerada crime pela legislação brasileira. Sendo assim, percebe-se que o maior desperdício ocorre quando o alimento não chega a quem necessita. A aprovação da "PL" do Bom Samaritano, e outros projetos semelhantes, assim como ações que melhore a infraestrutura do transporte e armazenamento de produtos sanariam boa parte desta problemática, pois se tudo que é descartado desnecessariamente fosse aproveitado, haveria maior oferta, o produtor ganharia, e o consumidor pagaria menos pelos alimentos, ou seja, um grande passo para romper a aliança do desperdício com a fome.