Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) o Brasil está entre os 5 maiores países produtores de alimento. Com essa posição privilegiada a fome não deveria ser um problema, conquanto a realidade é outra. Devido a uma falta de logística no caminho do alimento até o consumidor, bem como uma lei vigente que dificulta a doação de comida, um país de fartura também se enquadra como um país de fome. A logística faz parte de todo o ciclo de produção, entretanto é mais influente na etapa do transporte. Em países como Austrália e Canada a produção é escoada majoritariamente por ferrovias, o que diminui o desperdício e o custo do processo. Já no Brasil, segundo o IBGE, cerca de 60% da matriz de transporte é rodoviária, esse fato encarece a etapa, aumenta drasticamente o desperdício e os impactos naturais e sociais, como a poluição do ar (queima de combustível), dilapidação da água, e fome. Somado a isso, a legislação atual pune o doador caso o alimento cause mal-estar. Restaurantes, normalmente, jogam fora grande quantidade de alimento ainda em bom estado. A possibilidade de doar e ser punido é o carro chefe do desperdício nesses estabelecimentos, porque o concessor garante a qualidade da comida enquanto em posse dela, porém depois que o alimento sai do restaurante o manuseio é desconhecido, conquanto a responsabilidade continua com o doador. Dado o exposto, fica evidente que a logística atual e a lei vigente impulsionam o desperdício de alimento e causam impactos naturais e sociais. Nesse ponto, é necessário que o poder legislativo remodele a lei pra facilitar a doação de comida, bem como o Ministério do Transporte invista em ferrovias, barateando a etapa e reduzindo o desperdício.