Título da redação:

Desperdício da fartura: mais fome e menos dignidade

Tema de redação: Desperdício de Alimentos: fome no Brasil e os decorrentes impactos naturais

Redação enviada em 23/03/2017

Desperdício da fartura: mais fome e menos dignidade A Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988, estabelece que a dignidade da pessoa humana é um dos fundamentos do Estado, o qual é um instrumento para garantir condições dignas de vida a todos os brasileiros, finalidade para a qual carece de recursos adequados e que devem ser gerenciados com eficiência e acerto. A gestão correta dos recursos naturais implica saber que eles são limitados e que, ao contrário, as carências humanas são infinitas, consoante ensina a Economia. Assim, as fontes de alimentos, de energias, possibilidades de exploração mineral, jazidas e mananciais de matérias-primas, tão abundantes no Brasil (ao contrário, por exemplo, da Somália e Sudão do Sul), não são inesgotáveis. Por conseguinte, é necessário reconhecer que a administração dos meios, precipuamente das fontes de alimentos: pecuária, agricultura e extrativismo mineral, vegetal e animal, constitui a via principal para se assegurar o princípio da dignidade humana, de forma isonômica, a todos os brasileiros, o que passa, também, pela consciência de um dado cultural (mito) característico de nossa gente: a crença de que tais recursos são inesgotáveis. De fato, a condição topográfica brasileira, com terras ecúmenas e cultiváveis, bacias hidrográficas variadas e uma matriz energética diversificada, tendo, ainda, umas das maiores biodiversidades do mundo, leva-a as pessoas a abusarem, por exemplo, das possibilidades de produção alimentar, dos gêneros alimentícios disponíveis, da água potável, da energia disponibilizada. Isso causa a perda do potencial alimentar da produção levando milhões de brasileiros à fome e à subnutrição e situando o Brasil em um índice desenvolvimento humano aquém de sua macroeconomia (uma das maiores do mundo). Em consequência, o Estado não consuma o princípio básico da dignidade humana e parte da sociedade vivencia paradoxalmente o privilégio da fartura com a incompetência do desperdício e os efeitos da fome e da perda significativa do potencial humano brasileiro contemporâneo: as pessoas vivem e rendem muito menos do que poderiam. O país empobrece ou deixa de enriquecer, à margem de sua peculiar oportunidade. Portanto, objetivando concretizar a dignidade humana e viabilizá-la com a redução imediata do desperdício de alimentos e recursos correlatos, cabe ao Estado, por meio de lei específica, instituir uma agência executiva de segurança alimentar para gerenciar as possibilidades produtivas do País. Além disso, é necessário instituir disciplina escolar, desde o ensino fundamental, que eduque as crianças para o consumo consciente dos recursos naturais e para o respeito ao meio ambiente. Cabe à sociedade civil organizada fiscalizar o implemento dessas medidas e a cada núcleo familiar fomentar os valores que devem lastreá-las.