O Brasil, embora tenha progredido socioeconomicamente nos últimos dez anos, ainda possui índices significativos de desperdício de alimentos. Segundo o pesquisador José Abrantes da UERJ, são 150% do PIB perdidos, visto que, junto com o alimento descartado, vão o valor agregado ao produto, como dinheiro e mão de obra. Inúmeras consequências e impactos são criados em razão deste alto desperdício, porém, os de ordem econômica e social são os mais notáveis. A cadeia produtiva de alimentos no Brasil ainda desperdiça muito em todo o seu processo de plantio ao abastecimento para a venda. Segundo a FAO, orgão ligado a ONU, 50% chega a ser perdido no manuseio e transporte, sem contar outras etapas. Nesse contexto, o impacto no preço final afeta gravemente o consumidor, além disso, dada a alta demanda pelo consumo no país, o alimento encarece muito mais. Por fim, o resultado é a dieta do brasileiro afetada, pois no momento da compra de alimentos comuns à sua refeição, ele terá que abdicar de parte destes, em virtude do custo elevado. Do mesmo modo, em restaurantes, por exemplo, o desperdício é frequente, em razão da oferta que não é suplantada pela demanda dos consumidores. Sendo assim, ao final das vendas sobram pratos com valor agregado que não podem ser mais vendidos, contudo, ainda são úteis para o consumo. Desta forma, o poder público precisa intervir de forma a garantir um destino social mais positivo e útil a estas sobras. Portanto, cabem medidas. Primeiro, de modo a educar o consumidor e diminuir as distâncias entre o plantio e o consumo, deve-se inserir hortar comunitárias em bairros das cidades usando-se de espaços fornecidos pelo poder público, sendo a produção feita em conjunto com agrônomos do Estado e a população local. Por fim, sobras de alimentos de restaurantes úteis para o consumo devem ser doados para instituições e ONGs, tendo a ANVISA o papel de fiscalizadora que evitará a contaminação por alimentos estragados.